Haddad acusa EUA de exigir "solução constitucionalmente impossível" em negociações tarifárias

18 de agosto de 2025 às 14:40
Política

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Por Francês News

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, revelou nesta segunda-feira (18) que as negociações com os Estados Unidos sobre a tarifa de 50% imposta às exportações brasileiras estão paralisadas devido a uma exigência considerada inconstitucional pelo governo brasileiro. Durante participação no evento FT Climate & Impact Summit em São Paulo, Haddad explicou que os EUA insistem em uma solução que exigiria o Executivo interferir no Judiciário - algo que a Constituição brasileira não permite. "Está ocorrendo uma dificuldade de compreensão do que se passa no Brasil", afirmou o ministro, destacando que documentos oficiais comprovam o impasse.

Impacto no comércio bilateral

Haddad alertou para a queda acentuada nas relações comerciais entre os dois países:

  • As exportações brasileiras para os EUA caíram de 25% para 12% do total
  • A tendência é de nova redução devido às tensões comerciais
  • Comércio bilateral já representa metade do volume registrado nos anos 1980

Controvérsia sobre reunião cancelada

O ministro atribuiu o cancelamento de um encontro com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, a interferências da extrema-direita brasileira. Haddad revelou que estranhou o fato de Bessent ter aparecido conversando com o deputado Eduardo Bolsonaro no mesmo horário em que ocorreria a reunião oficial. "Jamais cometeria uma deslealdade dessas com um homólogo de outro país", afirmou, acrescentando que a família Bolsonaro estaria trabalhando ativamente para impedir avanços nas negociações.

Plano de contingência

O governo brasileiro prepara medidas para mitigar os efeitos das tarifas americanas:

  • Pacote de R$ 30 bilhões em crédito através da MP Brasil Soberano
  • Recursos devem chegar ao setor produtivo nas próximas semanas
  • Ministro descarta necessidade de ampliar o valor no momento

Crítica à mudança nas regras globais

Haddad analisou que os EUA, sob o governo Trump, decidiram "mudar as regras do jogo" da globalização após perceberem que a China estava se beneficiando mais do modelo que eles próprios promoveram. "Venderam a globalização com desregulamentação financeira e agora querem 'melar o jogo'", criticou o ministro, destacando a contradição na postura americana.