Sindicato denuncia que governo Paulo Dantas gasta R$ 200 milhões com regime de cogestão de presídios
Por Francês News
Em entrevista ao programa Mobiliza Brasil nesta quinta-feira (11), o presidente do Sindicato dos Policiais Penais de Alagoas (SINASPPEN), Vítor Leite, fez um duro relato sobre o abandono e a falta de investimento na categoria durante o governo Paulo Dantas. A principal cobrança é pela realização urgente de um concurso público para repor um efetivo que está em colapso.
Segundo Vítor Leite, a Polícia Penal de Alagoas conta hoje com apenas cerca de 800 agentes para atender mais de 10 unidades prisionais e uma população carcerária que saltou de pouco mais de 2.000 presos em 2006 para mais de 7.000 atualmente – um aumento de mais de 500%. No entanto, o número de policiais é menor que o efetivo inicial de 2006, que era de 1.100 aprovados no primeiro concurso da categoria.
O dirigente sindical afirmou que, apesar do recente anúncio de um grande pacote de concursos pelo governo Dantas, nenhuma vaga foi destinada à Polícia Penal. Ele acusa o governo de preferir usar mão de obra terceirizada mais barata, através de empresas que fornecem "monitores de ressocialização", para exercer funções que deveriam ser de agentes concursados. “É como colocar uma equipe de pessoas comuns na rua para fazer policiamento”, comparou.
Leite revelou que a Secretaria de Estado de Administração Prisional (SEAP) nunca respondeu a um ofício do sindicato, enviado em dezembro de 2024, que pedia a definição do Procedimento Operacional Padrão do sistema. “Ou seja, o sistema prisional de Alagoas não tem oficialmente um procedimento padrão de ação”, denunciou. Ele citou como exemplo a condução interna de presos, onde dois agentes chegam a escoltar até 30 detentos ao mesmo tempo, em flagrante desproporção que coloca a segurança em risco.
O presidente do sindicato apontou uma contradição nos gastos: o Estado gasta cerca de R$ 200 milhões por ano com o regime de cogestão de dois presídios na capital – somando mais de R$ 1 bilhão desde 2013 –, mas não investe em concurso para a polícia que atua no sistema. Ele também criticou a omissão do Ministério Público e do Judiciário estadual em fiscalizar e cobrar mudanças.
Sobre a pauta salarial, Vítor Leite afirmou que, ao longo de três anos de governo, a categoria foi recebida apenas uma vez no Comitê de Negociação Sindical (CONES), caracterizando uma “enrolação” por parte do Executivo. “O governo fala em diálogo, mas o que acontece é apenas protelação”, disse.
A entrevista terminou com um apelo para que a sociedade compreenda a gravidade da situação e a luta da categoria por condições mínimas de trabalho e segurança.