Com crise nas UPAs do Estado, médicos recebem alerta sobre substiuição de profissionais demitidos

27 de novembro de 2025 às 17:08
Política

Sinmed/AL reforça um alerta dirigido com base em Código de Ética que estabelece ser vedado ao profissional assumir emprego, cargo ou função para suceder médico demitido ou afastado em represália - Fot

Por Vinícius Rocha/Francês News

Um cenário de incerteza financeira e tensionamento ético atinge médicos de duas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) estratégicas de Maceió. Profissionais das UPAs do Jacintinho e do Tabuleiro do Martins, geridas pelo Governo de Alagoas, acumulam atrasos salariais referentes à segunda metade de setembro e aos meses completos de outubro e novembro, sem previsão de regularização.

Em resposta à crise, o Sindicato dos Médicos de Alagoas (Sinmed/AL) emitiu um alerta dirigido à categoria, com base no Código de Ética Médica. O comunicado, divulgado nas redes sociais, adverte os profissionais para não assumirem horários de colegas que venham a ser afastados ou demitidos como represália por reivindicarem direitos.

A orientação sustenta-se no Art. 48 do código, que veda ao médico "assumir emprego, cargo ou função para suceder médico demitido ou afastado em represália à participação em movimentos legítimos da categoria". A entidade ressalta que descumprir essa diretriz pode configurar infração ética, passível de representação no Conselho Regional de Medicina (CREMAL).

O sindicato também invoca os Artigos 49 e 51 da mesma norma, que proíbem condutas contrárias a movimentos legítimos da categoria com objetivo de obter vantagem pessoal e a prática de concorrência desleal.

Crise se agrava

A situação financeira dos médicos, contratados pela empresa Help Serviços Médicos – terceirizada da Insaúde, administradora das UPAs –, é crítica. De acordo com o Sinmed/AL, os profissionais receberam apenas metade dos vencimentos de agosto e setembro. Os valores restantes de setembro, bem como os salários integrais de outubro e novembro, permanecem em atraso.

A instabilidade levou a categoria a classificar a situação como "insustentável". Na noite de terça-feira (25), a diretoria do sindicato reuniu-se com os médicos para discutir medidas. A entidade anunciou a adoção de ações judiciais e que irá oficiar a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) para notificar os atrasos, pressionando o governo estadual a garantir a solvência financeira dos contratos.

Cenário Sistêmico

O problema nas UPAs reflete uma crise mais ampla na saúde de Alagoas. Paralelamente, profissionais de três hospitais em Maceió – Veredas, Santo Antônio e Médico Cirúrgico – protestam por salários atrasados que chegam a cinco meses. Todas essas unidades operam atualmente com cerca de 30% dos serviços.

A Sesau, por sua vez, alega que não há pendências nos repasses e que os pagamentos seguem o cronograma estabelecido, versão contestada frontalmente pelos profissionais nas unidades e pelo sindicato que os representa. O impasse coloca em risco a continuidade dos serviços de urgência e emergência prestados à população.