Ultraortodoxos ameaçam derrubar governo de Israel se forem obrigados a se alistar no Exército

05 de junho de 2025 às 11:26
Mundo

© Ammar Awa / Reuters / RFI

RFi

Enquanto a ofensiva militar continua na Faixa de Gaza, Israel enfrenta uma crise política em torno da questão do alistamento dos judeus ultraortodoxos. Parte do governo de Benjamin Netanyahu defende a inclusão dessa comunidade no esforço de guerra, em resposta à pressão da opinião pública. Mas os ultraortodoxos ameaçam derrubar o governo e forçar novas eleições caso percam a isenção do serviço militar.

"Para a cadeia, mas não para o Exército", diz o cartaz em 27 de junho de 2024, quando judeus ultraortodoxos protestavam em Bnei Brak, em Israel, após a decisão da Suprema Corte de pôr fim à isenção do serviço militar para os “haredim”.

A situação se complica cada vez mais para a coalizão de Benjamin Netanyahu. Mais uma vez, a crise gira em torno da isenção do serviço militar para os haredim, os judeus ultraortodoxos.

O governo não conseguiu aprovar a lei que regula essa questão. Diante disso, os dois partidos que representam essa corrente no Parlamento israelense — os asquenazes do Yahadut Hatorah e os sefarditas do Shas — ameaçam deixar a coalizão.

Eles também ameaçam se unir à oposição para dissolver o Knesset, o Parlamento israelense, o que levaria automaticamente à convocação de novas eleições legislativas.

Desde a criação do Estado de Israel, os estudantes das yeshivot — escolas talmúdicas — são tradicionalmente dispensados do serviço militar obrigatório.

Essa situação tem gerado revolta, principalmente entre os reservistas, que estão sendo convocados em massa desde os ataques de 7 de outubro de 2023.

Neste momento, Benjamin Netanyahu está mergulhado num verdadeiro esforço de última hora para tentar salvar sua coalizão.

Sem uma solução à vista, os partidos ultraortodoxos, orientados por seus líderes espirituais, prometem apresentar a proposta de dissolução do Parlamento já no dia 9 de junho. "Israel caminha para novas eleições", estampou o jornal Maariv na manhã desta quinta-feira (5).

Histórico

Desde a fundação do Estado de Israel, em 1948, os haredim estavam isentos dessa obrigação militar. A possibilidade de uma decisão de obrigação do serviço militar para estes ultraordoxos romperia um tabu profundamente enraizado na sociedade israelense, e expõe as tensões históricas entre o sionismo laico e socialista que fundou o país, e o messianismo religioso que molda hoje parte da identidade judaica.

Em 1948, ao criar o Estado de Israel, o então primeiro-ministro David Ben-Gurion tinha como objetivo reunir no novo país todos os judeus que quisessem viver ali, independentemente de sua origem ou de suas convicções políticas e religiosas.

Após os horrores do Holocausto, sua prioridade era garantir segurança ao povo judeu. Foi nesse espírito que ele aceitou as exigências dos líderes ultraortodoxos, que defendiam o estudo integral da Torá como missão de vida. Assim, os estudantes das yeshivot — escolas talmúdicas — foram oficialmente dispensados do serviço militar. À época, eram apenas algumas centenas.

Essa política perdurou por décadas, embora tenha sido alvo frequente de críticas por parte de militares e movimentos laicos, que consideravam o sistema de isenção discriminatório. Ainda assim, os haredim sempre defenderam seu modo de vida e o papel essencial do estudo religioso profundo. Com o passar do tempo, os dois lados endureceram suas posições.

Desde 1998, movimentos laicos vêm recorrendo com frequência à Suprema Corte para contestar a desigualdade gerada por essa política. Argumentam que, em um país onde o serviço militar é obrigatório, a isenção baseada em critérios religiosos fere o princípio da igualdade.

Além disso, a comunidade ultraortodoxa cresceu de forma acelerada ao longo das décadas. Hoje, os haredim representam cerca de 13% da população israelense, com mais de 160 mil estudantes dedicados ao estudo da Torá — um contingente significativo que permanece fora do serviço militar, mesmo em tempos de guerra.

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