As possíveis causas para apagão em Portugal e na Espanha

30 de abril de 2025 às 07:45
Mundo

Foto: Reprodução

BBC News

O operador do sistema elétrico espanhol descartou que um ataque cibernético teria causado o enorme apagão que atingiu a Espanha, Portugal e partes da França na segunda-feira (28/4).

O diretor de operações da empresa Red Eléctrica, Eduardo Prieto, declarou na terça (29/4) que as conclusões preliminares indicam que "não houve nenhum tipo de interferência nos sistemas de controle" que indicasse um ataque - a mesma observação anunciada pelo primeiro-ministro português, Luís Montenegro, um dia antes.

Mas o motivo específico que resultou no apagão ainda é desconhecido.

O operador da rede afirmou que "não pode traçar conclusões" antes de ter os dados concretos. E o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, afirmou que os investigadores estão tentando identificar a causa e irão, em seguida, tomar todas as medidas que forem necessárias para "garantir que isso não aconteça novamente".

As informações sobre o que aconteceu no momento do apagão vêm surgindo em conta-gotas, gerando teorias sobre quais teriam sido suas causas. Especialistas disseram à BBC que, provavelmente, ele foi ocasionado por diversas falhas simultâneas.

Aqui está um resumo do que sabemos e quais questões permanecem sem resposta.

1. O apagão foi causado pela energia renovável?
Na noite de segunda-feira, Pedro Sánchez afirmou que 15 GW - o equivalente a 60% da demanda daquele horário - "subitamente desapareceram do sistema... em apenas cinco segundos".

Prieto declarou, em entrevista coletiva na terça-feira, que houve dois "eventos de desconexão" em intervalo de cerca de um segundo no sudoeste da Espanha, onde há um volume substancial de geração de energia solar.

O operador da rede espanhol pode ter se referido ao fato de que, quando as empresas de eletricidade identificam um descompasso entre a oferta e a demanda de energia elétrica capaz de gerar instabilidade, elas desconectam seus sistemas temporariamente, como forma de proteção.

Mas Sánchez declarou posteriormente que o apagão "não foi causado pelo excesso de energias renováveis".

O primeiro-ministro espanhol afirmou que não houve falha de cobertura - ou seja, queda da oferta - e que a demanda de eletricidade era relativamente baixa, dentro do normal, nos dias que antecederam o blecaute.

Então, o que aconteceu?

A resposta ainda é incerta, especialmente porque muitos sistemas sofrem queda do fornecimento de energia com bastante frequência, não apenas de origem renovável. E apagões desta escala costumam acontecer em algum lugar do mundo, em média, cerca de uma vez por ano.

O descompasso entre a oferta e a demanda de eletricidade pode alterar a frequência da rede elétrica.

Na Europa e no Reino Unido, esta frequência é de 50 Hz. Se ela se alterar e sair de uma faixa restrita, pode danificar os equipamentos.

"Quando uma grande companhia detecta que a frequência está saindo da sua faixa de tolerância, ela pode desligar os sistemas para proteger seu equipamento", segundo a professora Hannah Christensen, da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

E, se muitas empresas fizeram o mesmo em rápida sucessão, podem surgir "efeitos cascata", segundo ela, gerando um blecaute.

Mas, quando se trata de energias renováveis, os operadores contam com previsões do tempo de curto prazo muito precisas para antever onde haverá excesso de vento para a produção de energia solar. Com estas informações, elas ajustam o fornecimento de energia, como explica Christensen.


O primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez insistiu na necessidade de medidas para impedir que ocorra outro apagão similar
Foto: EPA / BBC News Brasil
A energia renovável traz diferentes desafios em relação à energia gerada por combustíveis fósseis "devido à sua intermitência", explica a professora. Mas as empresas se programam para contornar esta questão, que é bem conhecida.

Para ela, "é um tanto surpreendente que isso não tenha sido previsto".

O professor Keith Bell, da Universidade de Strathclyde, no Reino Unido, destaca que "se um sistema depende da energia solar e eólica, eles projetam um sistema refletindo esta questão". Ele indica que o fornecimento adicional de energia de fontes renováveis para a rede não teria sido uma surpresa.

"A Espanha tem muita experiência com energia eólica e solar e conta há muito tempo com um sistema de previsão do tempo e seus impactos", explica o professor.

"Todos os tipos de sistemas falham. As coisas podem dar errado — e dão errado, seja com energias renováveis, combustíveis fósseis ou de origem nuclear."

Para Bell, "este pode ser o modelo do queijo suíço, que fez com que todos os buracos do sistema tenham se alinhado por acaso".

2. Houve relação com a conexão entre a Espanha e a França?
A Red Eléctrica também indicou que a queda de energia causou falhas de interconexão da rede entre a Espanha e a França.

Duas tecnologias básicas são empregadas para interconectar partes de uma rede ou países: uma linha de transmissão padrão que transmite correntes alternadas e, cada vez mais, linhas de corrente direta de alta tensão.

A Espanha tem uma linha de alta tensão que começou a operar sete anos atrás, o que indica que ela foi bem testada, segundo o professor Bell.

A península ibérica costuma ser chamada de "ilha de eletricidade". Isso porque ela conta com poucas conexões para a França através dos Pireneus, o que faz com que ela seja vulnerável a falhas.

Pedro Sánchez afirmou que a energia foi restabelecida graças às conexões com a França e o Marrocos, além das fontes movidas a gás e hidrelétricas.

3. O apagão foi causado por um 'raro evento atmosférico'?
O operador do sistema português REN desmentiu relatos iniciais atribuídos à agência na segunda-feira, dando conta que o blecaute teria sido causado por um raro evento atmosférico.

A mensagem dizia que "devido a variações extremas de temperatura no interior da Espanha, verificaram-se oscilações anômalas nas linhas de muito alta tensão (400 kV), um fenômeno conhecido como 'vibração atmosférica induzida'".

"Estas oscilações provocaram falhas de sincronização entre os sistemas elétricos, levando a perturbações sucessivas em toda a rede europeia interligada", concluiu o operador.

Mas o porta-voz da REN Bruno Silva declarou à agência de notícias AFP na terça-feira que o operador da rede "não publicou esta declaração", sem fornecer mais detalhes.

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