Após se tornar réu, Bolsonaro ataca Moraes e diz que acusação é infundada

26 de março de 2025 às 15:05
Brasil

Foto: Reprodução

Redação

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) falou hoje em frente ao Senado após se tornar réu por tentativa de golpe de Estado. Ele afirmou que as acusações contra ele são "graves e infundadas" e explicou que decidiu não comparecer ao STF porque já sabia o que aconteceria. Segundo Bolsonaro, parece haver algo pessoal contra ele e os inquéritos conduzidos pelo ministro Alexandre de Moraes são "secretos". O ex-presidente declarou que teria desencorajado manifestações violentas em transmissões ao vivo, mas que o relator do caso escolheu não incluir essas imagens no processo.  

Bolsonaro também questionou a conduta do ex-ministro da Justiça, Flávio Dino, ao afirmar que ele teria negado acesso aos vídeos do dia 8 de janeiro, entregando apenas quatro registros de um total de quase 200 máquinas disponíveis. "Pelo amor de Deus, eu que sou golpista?", questionou. Ele negou qualquer tentativa de golpe e argumentou que a simples assinatura de um decreto não significaria nada sem a convocação prévia dos conselhos da República. "Não convoquei os conselhos, nem houve atos preparatórios para isso. Se trabalhar com o dispositivo constitucional é sinal de golpe, então golpe não tem lei, não tem norma", disse.  

Ele admitiu, no entanto, que discutiu "hipóteses de dispositivos constitucionais" com os comandantes das Forças Armadas, mas negou qualquer ação ilegal. "Os comandantes jamais embarcariam numa aventura", declarou. Bolsonaro voltou a fazer comparações entre o Brasil e a Venezuela e retomou seus ataques ao sistema eleitoral, defendendo o voto impresso e a contagem pública dos votos.  

A Primeira Turma do STF decidiu por unanimidade tornar réus Bolsonaro e sete aliados pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Agora, o tribunal dará início à ação penal, que poderá condenar ou absolver os acusados.  

O ex-presidente também criticou Alexandre de Moraes, afirmando que tudo relacionado a ele é confidencial e que inquéritos sobre a lisura das eleições são negados à Justiça Eleitoral. "Fala-se tanto de democracia e Estado Democrático de Direito, mas você não pode ter acesso a esse documento?", questionou. Por fim, Bolsonaro criticou o governo Lula e afirmou que o presidente quer "colocar o Brasil no colo da China", o que, segundo ele, inviabilizaria o crescimento do país.