Lula desmente fake news sobre Pix desde campanha em 2022
UOL
O governo Lula (PT) tem sido alvo de notícias falsas envolvendo o Pix desde o início de 2022, antes mesmo de ter vencido a corrida eleitoral.
O que aconteceu
A crise da última semana foi só mais um capítulo sobre as mentiras que assombram a gestão desde a campanha. Durante a eleição, grupos ligados à direita já espalhavam postagens que diziam que, se fosse eleito, Lula taxaria as transações digitais ou então acabaria com elas.
Na época, as fake news já atrapalhavam a campanha. Lula repete essa memória até hoje, sempre que se recorda do pleito. Agora, o governo vê acusações semelhantes como fonte da pior crise sofrida em dois anos de mandato.
Aliados reclamam de falta de preparo. Eles questionam por que, se são mensagens que voltam a assombrar o governo com certa frequência, por que a equipe já não estava preparada?
Surgiu na campanha
As primeiras fake news envolvendo Lula e o Pix martelavam que ele acabaria com a ferramenta. Em março de 2022, cinco meses antes da eleição, grupos do Telegram compartilharam uma montagem que simulava uma reportagem do portal g1 em que o petista dizia que ele suspenderia a transação digital se vencesse a eleição.
A notícia foi checada por agências e desmentida tanto por Lula quanto pelo portal, mas continuou circulando. Até o final da campanha, em outubro, véspera do segundo turno contra Jair Bolsonaro (PL), grupos ainda divulgavam que banqueiros teriam declarado apoio ao PT sob a promessa de revogação do Pix. O UOL Confere também desmentiu à época essa montagem falsa.
Correntes sobre a taxação também surgiram neste período. Em vários momentos, diferentes agências de checagem, incluindo o UOL Confere e o Projeto Comprova, do qual o UOL faz parte, desmentiram que o petista havia proposto taxar transações digitais. Essas informações circularam tanto antes, quanto durante e até após a eleição, com a chapa com Geraldo Alckmin (PSB) já vitoriosa.
O tom era semelhante ao que circulou na última semana. Como o UOL Confere continua desmentindo, o governo não criou nem prometeu criar nenhum imposto sobre transações digitais.
À época, a campanha petista teve de criar um canal especial só para desmentir fake news. Sob o comando de Sidônio Palmeira, hoje ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social), o combate a notícias falsas —que iam desde fechar igrejas até a receber apoio do PCC— se tornou uma das principais frentes e focos de atenção da candidatura petista.
Reação mais rápida, mas ainda falta de preparo
É exatamente por isso que a confusão da última semana entristeceu e irritou tantos apoiadores e membros do governo. Entre aliados, há a reclamação explícita de que o governo já deveria estar vacinado contra essas fake news, proferidas há tanto tempo, e que a forma como tudo foi conduzido mostra despreparo na gestão de crise.
Os críticos focam em dois pontos. O primeiro é a portaria em si. Por mais que ela tenha um objetivo considerado correto e importante (rastrear e combater fraudes financeiras e fiscais), aliados políticos se perguntam se era mesmo o momento de mexer nisso.
O consenso é que o Pix é um assunto delicado e importantíssimo. Ao tratar da ferramenta de forma técnica, sem avaliar o impacto político (que veio como uma avalanche), a gestão subestimou a realidade brasileira.
O segundo ponto foi a forma de reagir. Em meio a uma transição na comunicação, mas já sob Sidônio, o tempo de reação do governo, conhecido por demorar a responder a crises, foi elogiado: Lula soltou um vídeo quando o assunto estourou, e a Fazenda decidiu voltar atrás em poucos dias, quando viu que a situação saiu do controle.