Pressionado, Netanyahu anuncia cessar-fogo com Hamas e liberação de reféns

17 de janeiro de 2025 às 08:05
Mundo

Foto: Reprodução

UOL

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou que finalmente chegou a um acordo para um cessar-fogo com o Hamas, depois de ver seu governo chegar perto de um colapso. O líder israelense confirmou que convocou para esta sexta-feira (17) seu gabinete de segurança para votar o pacto que suspende de forma temporária 15 meses de conflito e que deixaram 46 mil mortos.

Num primeiro momento, 33 dos 98 reféns israelenses serão liberados pelo Hamas. Em troca, Israel irá gradualmente sair de determinadas áreas da Faixa de Gaza e devolver cerca de mil palestinos detidos. Israel ainda permitirá que até 600 caminhões de ajuda possam entrar na zona atacada. Hoje, apenas 50 caminhões conseguem a liberação para distribuir alimentos e remédios.

A segunda e terceira fase do acordo ainda estão em negociação.

O acordo havia sido anunciado inicialmente na quarta-feira (16) e comemorado inclusive por Donald Trump. Mas Tel Aviv, um dia depois, denunciou o Hamas por estar tentando supostamente minar o processo e alertou que não acataria as exigências. O grupo palestino desmentiu Netanyahu, enquanto os negociadores continuaram a tentar impedir o colapso do processo.

Festas substituídas pelo luto: 87 mortos em 24 horas

A comemoração da população de Gaza, na quarta-feira, rapidamente se transformou em mais um período de luto. Entre o primeiro anúncio do acordo e a declaração desta sexta-feira por parte de Netanyahu, pelo menos 87 palestinos foram mortos, entre eles 21 crianças e 25 mulheres.

Agora, Netanyahu anunciou que convocou uma reunião do gabinete de segurança para esta sexta-feira, com o objetivo de votar o acerto. "O gabinete completo se reunirá posteriormente para aprovar o acordo", acrescenta a declaração. O segundo encontro deve ocorrer apenas no sábado.

Netanyahu insistiu que a decisão de aceitar o pacto só ocorreu depois que sua delegação, nas conversas mantidas no Qatar com o Hamas, informou que o processo havia sido concluído. Num comunicado, o governo explicou que as famílias dos 98 reféns também foram informadas.

"O Estado de Israel está comprometido em atingir todos os objetivos da guerra, incluindo o retorno de todos os nossos reféns, tanto os vivos quanto os mortos", declarou.

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Existe, porém, o risco de que o acordo não consiga entrar em vigor no domingo, como previsto. Uma das possibilidades seria de libertar os primeiros reféns apenas na segunda-feira.

Netanyahu teve de negociar sua manutenção no poder, antes de fechar acordo

Ainda assim, o voto promete ser polêmico. Três dos ministros de Netanyahu, da extrema direita, alertaram que iriam pedir demissão se Israel encerrar a guerra contra o Hamas. Um deles, o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, deixou claro que o pacto era "irresponsável" e "imprudente".

Com seu governo ameaçado, Netanyahu costurou novas alianças. O líder da oposição, Yair Lapid, prometeu seu apoio, indicando que o acordo era prioridade.

O primeiro-ministro insistiu, durante meses, que apenas encerraria a ofensiva sobre Gaza quando aniquilasse o Hamas. O cessar-fogo, agora, não prevê isso. Mas pesquisas apontam que 60% dos israelenses acreditam que o retorno dos reféns deve ser considerado como o objetivo da guerra.

Nas últimas horas, Netanyahu foi colocado sob forte pressão, tanto por parte dos enviados de Trump como por parte do Egito, que também atuou na mediação.

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Do lado do Hamas, o grupo foi enfraquecido diante da queda do governo sírio de Bashar Al Assad, do colapso do Hezbollah e do enfraquecimento do Irã.

O acordo terá três fases, ainda que apenas a primeira esteja delineada em detalhes.

O que diz o acordo em sua primeira fase

Corredor Philadelphi:

O lado israelense reduzirá gradualmente as forças na área do corredor durante o estágio 1 com base nos mapas anexos e no acordo entre os dois lados.

Após a libertação do último refém da primeira fase, no dia 42, as forças israelenses iniciarão a retirada e a concluirão no máximo no dia 50.

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Passagem de fronteira de Rafa:

A passagem de Rafa estará pronta para a transferência de civis e feridos após a libertação de todas as mulheres (civis e soldados). Israel trabalhará para que a passagem esteja pronta assim que o acordo for assinado.

As forças israelenses serão redistribuídas em torno da passagem de Rafa de acordo com os mapas anexos.

Retirada das forças israelenses para o leste das áreas densamente povoadas ao longo das fronteiras da Faixa de Gaza, incluindo Wadi Gaza (eixo de Netzarim e rotatória do Kuwait). As forças israelenses serão posicionadas em um perímetro de (700) metros, com uma exceção em pontos localizados a serem aumentados em não mais que (400) metros adicionais que o lado israelense determinará, ao sul e a oeste da fronteira, e com base nos mapas acordados por ambos os lados que acompanham o acordo.

Troca de prisioneiros:

Os nove doentes e feridos da lista de 33 serão libertados em troca da libertação de 110 prisioneiros palestinos com sentenças de prisão perpétua.

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Israel libertará 1.000 prisioneiros de Gaza a partir de 8 de outubro de 2023 que não estavam envolvidos no 7 de outubro de 2023.

Os idosos (homens com mais de 50 anos) da lista de 33 serão libertados em troca de uma chave de troca de 1:3 sentenças de prisão perpétua + 1:27 outras sentenças.

Ebra Mangesto e Hesham el-Sayed - serão libertados de acordo com uma chave de troca de 1:30, bem como 47 prisioneiros de Shalit.

Vários prisioneiros palestinos serão libertados no exterior ou em Gaza com base em listas acordadas entre os dois lados.