Efeito Trump: dólar dispara, juros futuros dos EUA avançam e bitcoin bate recorde após eleições

06 de novembro de 2024 às 10:02
Mundo

Trump faz discurso da vitória para apoiadores na Flórida — Foto: Alex Brandon/AP

g1

vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos provocou um aumento expressivo nos juros futuros americanos nesta quarta-feira (6) e, como consequência, o dólar também dispara frente a outras moedas no mundo todo.

No Brasil, às 09h10, o dólar tinha alta de 1,64%, cotado a R$ 5,8404. Na máxima do dia, até aqui, a moeda já bateu os R$ 5,8619. O índice DXY — que mostra qual a variação do dólar em relação a uma cesta de moedas de outros países (como euro, iene, libra esterlina e dólar canadense) — tinha alta de cerca 2%.

Os juros futuros indicam a expectativa do mercado financeiro para qual deve ser a taxa de juros definida pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) nos próximos anos. Essas taxas, que hoje estão entre 4,75% e 5,00% ao ano, servem como referência para o rendimento das Treasuries, os títulos públicos americanos, considerados os ativos mais seguros do mundo.

Durante a manhã, o rendimento do Treasury de 10 anos saltou para o maior patamar em quatro meses, em torno de 4,47%, rompendo a máximo da semana passada, de 4,388%. Os rendimentos de dois anos também avançaram, chegando a 4,31%.

Mas qual a razão para este desempenho?

O candidato republicano defende uma política econômica mais protecionista, que prioriza a produção interna nos Estados Unidos em detrimento da importação de outros países.

Isso pode reduzir tanto as exportações brasileiras, que têm o país norte-americano como segundo principal destino, como criar uma guerra comercial mais rígida para a China, por exemplo. Essa antecipação de cenário ajudou a valorizar o dólar contra outras moedas emergentes.

"Já havia um impacto da percepção do risco de vitória do Trump, com a expectativa de que ele possa colocar tarifas de importação sobre países como México e China. Exportadores de commodities, como o Brasil, também podem ser afetados", diz o economista Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo Corretora.

Além de uma possível redução das exportações, que fariam com que menos dólares entrassem em circulação no Brasil, o aumento das tarifas nos Estados Unidos também encareceria os preços dos produtos dentro do próprio país, pois quanto mais taxas, mais caros ficam os produtos e serviços.

Preços mais altos gerariam uma nova pressão na inflação americana, o que pode levar o Fed a manter os juros mais altos, por mais tempo, para controlar os preços.

"Desta forma, investidores farão a opção de investir nos EUA com as taxas das Treasuries (títulos públicos americanos, considerados os mais seguros do mundo) mais altas", diz Alexandre Viotto, chefe da mesa de câmbio da EQI Investimentos.