Irã interrompe negociações indiretas com os EUA em meio a aumento de tensões | CNN Brasil
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O Ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, disse nesta segunda-feira (14) que as negociações indiretas entre o Irã e os Estados Unidos, facilitadas pelo Omã, foram pausadas devido à escalada de tensões na região.
Em uma visita à capital de Omã, Muscat, Araghchi disse que as negociações, conhecidas como “processo Muscat”, foram interrompidas “devido às circunstâncias específicas da região”.
“Omã sempre desempenhou um papel significativo no tratamento de questões regionais e facilitou ativamente o diálogo entre o Irã e os EUA”, afirmou Araghchi.
Ele enfatizou, no entanto, que a atual turbulência regional tornou mais negociações impossíveis por enquanto. “Não vemos nenhum fundamento para essas negociações até que possamos superar a crise atual”, disse, deixando a porta aberta para que o processo seja retomado em um estágio posterior.
Ao ser questionado se alguma mensagem foi transmitida aos EUA durante sua visita, Araghchi disse: “Nenhuma mensagem foi enviada a outros países durante esta viagem”.
Araghchi afirmou que os Estados Unidos e as nações europeias, bem como os países regionais, devem reconhecer a posição do Irã sobre os desenvolvimentos recentes.
“Nossa posição é cristalina”, disse Araghchi. “Não buscamos guerra ou conflito, mas estamos totalmente preparados para isso. Acreditamos que a diplomacia deve ser usada para evitar a escalada“, ele acrescentou.
A interrupção das negociações ocorre em meio a tensões crescentes desde que o Irã lançou um ataque de mísseis em direção a Israel em 1º de outubro, um movimento de retaliação após o assassinato do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah.
Israel prometeu uma resposta, o que intensificou preocupações sobre um conflito regional mais amplo.
Entenda a escalada nos conflitos do Oriente Médio
O ataque com mísseis do Irã a Israel no dia 1º de outubro marcou uma nova etapa do conflito regional no Oriente Médio. De um lado da guerra está Israel, com apoio dos Estados Unidos. Do outro, o Eixo da Resistência, que recebe apoio financeiro e militar do Irã e que conta com uma série de grupos paramilitares.
São sete frentes de conflito abertas atualmente: a República Islâmica do Irã; o Hamas, na Faixa de Gaza; o Hezbollah, no Líbano; o governo Sírio e as milícias que atuam no país; os Houthis, no Iêmen; grupos xiitas no Iraque; e diferentes organizações militantes na Cisjordânia.
Israel tem soldados em três dessas frentes: Líbano, Cisjordânia e Faixa de Gaza. Nas outras quatro, realiza bombardeios aéreos. O Exército israelense iniciou uma “operação terrestre limitada” no Líbano no dia 30 de setembro, dias depois de Israel matar o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um bombardeio ao quartel-general do grupo, no subúrbio de Beirute.
As Forças de Defesa de Israel afirmam que mataram praticamente toda a cadeia de comando do Hezbollah em bombardeios semelhantes realizados nas últimas semanas.No dia 23 de setembro, o Líbano teve o dia mais mortal desde a guerra de 2006, com mais de 500 vítimas fatais.
Ao menos dois adolescentes brasileiros morreram nos ataques. O Itamaraty condenou a situação e pediu o fim das hostilidades. Com o aumento das hostilidades, o governo brasileiro anunciou uma operação para repatriar brasileiros no Líbano.
Na Cisjordânia, os militares israelenses tentam desarticular grupos contrários à ocupação de Israel ao território palestino. Já na Faixa de Gaza, Israel busca erradicar o Hamas, responsável pelo ataque de 7 de outubro que deixou mais de 1.200 mortos, segundo informações do governo israelense.
A operação israelense matou mais de 40 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas. O líder do Hamas, Yahya Sinwar, segue escondido em túneis na Faixa de Gaza, onde também estariam em cativeiro dezenas de israelenses sequestrados pelo Hamas.