Presidente da Espanha defende asilo a opositor de Maduro: 'Gesto de humanidade'

11 de setembro de 2024 às 09:29
Mundo

Imagem: Federico Parra e Pedro Rances Mattey/AFP

AFP

O presidente da Espanha, Pedro Sánchez, afirmou nesta quarta-feira (11), durante uma visita à China, que conceder asilo ao opositor venezuelano e rival eleitoral de Nicolás Maduro, Edmundo González Urrutia, é um "gesto de humanidade".

"O asilo não deixa de ser um gesto de humanidade, um compromisso civil humanitário da sociedade espanhola e, por extensão, do seu governo com pessoas que infelizmente sofrem perseguições e repressão", declarou em coletiva de imprensa em Xangai.

O candidato da oposição venezuelana chegou à Espanha na segunda-feira (9) para pedir asilo, depois de um mês na clandestinidade após as eleições presidenciais de 28 de julho.

"Tomei esta decisão pensando na Venezuela" para que "as coisas mudem" e construir "uma nova era para a Venezuela", explicou o diplomata de 75 anos, já em Madri.

A autoridade eleitoral declarou Nicolás Maduro vencedor das eleições, mas a oposição denuncia fraudes nas votações, que não são reconhecidas pelos Estados Unidos, pela União Europeia e por vários países latino-americanos.

Desde a chegada de González a Madri, o governo espanhol tem recebido pressão da oposição para reconhecê-lo como o presidente eleito da Venezuela, mas Sánchez evitou mudar de posição.

"O governo da Espanha, desde a realização das eleições, tem sido claro. Pedimos a publicação das atas, não reconhecemos a vitória de Nicolás Maduro", explicou.

"E fazemos algo muito importante: trabalhar pela unidade da União Europeia para que este trabalho nos permita ter espaço de mediação daqui até o final do ano, para que possamos encontrar uma solução que transmita a vontade democrática expressa nas urnas para o povo venezuelano", insistiu.

Sánchez também indicou que não abordou a questão da Venezuela no seu encontro de segunda-feira em Pequim com o presidente chinês Xi Jinping, que mantém laços estreitos com Maduro.

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"Não falamos sobre este assunto", disse Sánchez, que, segundo a imprensa espanhola, se reunirá com González Urrutia no seu retorno a Madri.

Não à 'guerra comercial'

A segunda visita do líder socialista à China em menos de dois anos teve um acentuado efeito econômico em um contexto de crescentes tensões comerciais entre Pequim e a União Europeia.

A Comissão Europeia, órgão Executivo que supervisiona a política comercial do bloco, anunciou no mês passado um plano para impor tarifas de até 36% sobre veículos elétricos importados da China durante cinco anos.

Em resposta, o gigante asiático iniciou investigações para tomar medidas semelhantes contra laticínios ou produtos suínos importados da União Europeia.

"Tenho que ser franco e direto. Penso que todos nós, não só os Estados-membros, mas também a Comissão Europeia, devemos reconsiderar a nossa decisão", defendeu Sánchez.