2º turno na França deve ter disputa apertada, com avanço da extrema direita

07 de julho de 2024 às 08:55
Mundo

Projeções indicam vitória da RN, partido de Marine Le Pen (à esq.) hoje liderado por Jordan Bardella (à dir.) Imagem: Christophe Simon/AFP

UOL

Os eleitores vão às urnas neste domingo (7) para o segundo turno das eleições legislativas na França. As últimas projeções apontam para uma vitória da Rassemblement National (Reunião Nacional), partido de Marine Le Pen, mas sem garantir a maioria dos assentos na Assembleia Nacional para conseguir nomear um primeiro-ministro.

O que esperar

Pesquisa indica disputa apertada, com extrema direita à frente. Segundo o último levantamento da Harris Interactive, a RN deve conquistar entre 185 e 215 assentos no Parlamento — um aumento significativo em relação aos 88 anteriores —, enquanto a NFP (Nova Frente Popular), de esquerda, chegaria com 168 a 198. Já na pesquisa Ipsos/Talan, a RN tem de 170 a 205 cadeiras, e a NFP, de 145 a 175. A coalizão Juntos, do presidente Emmanuel Macron, aparece em terceiro em ambos os levantamentos.

Para alcançar maioria, partido deve conquistar 289 assentos. Se as projeções se confirmarem, isso significa que nem o bloco de extrema direita, nem o de esquerda, conseguiria nomear um novo primeiro-ministro, cargo que hoje é ocupado por Gabriel Attal, do Renascimento. Vale lembrar que o resultado das eleições não afeta a permanência de Macron, que segue presidente até 2027.

Sistema de votação em dois turnos torna cenário atual incerto. Todos os candidatos que obtiveram mais de 12,5% dos votos nos 577 distritos eleitorais franceses passaram para a segunda rodada de votação. O alto comparecimento às urnas no primeiro turno — quase 70%, o maior em quatro décadas — sugere que o segundo pode ser mais volátil, uma vez que muitos assentos da Assembleia Nacional parecem destinados a disputas triangulares.

Lei não é clara sobre o que deve ser feito se não houver maioria. Macron pode manter um enfraquecido Gabriel Attal como premiê provisório ou procurar um primeiro-ministro na esquerda ou em algum grupo completamente diferente, sem o endosso da maioria do eleitorado. Dos 76 parlamentares eleitos no primeiro turno, 39 são da RN, 32 são da NFP e apenas dois são do partido do presidente.

Reações

Oposição se movimentou para criar frente contra a extrema direita. Os blocos de esquerda e de centro se uniram em um "cordão sanitário republicano", no jargão político francês, para impedir que a extrema direita conquiste o poder. Para evitar a divisão do voto, tanto a NFP quanto o Juntos se comprometeram a se retirar da disputa em que seus candidatos terminaram em terceiro lugar, deixando que o segundo enfrente a RN com uma base mais forte.

Emmanuel Macron fez um apelo contra o avanço dos radicais. "Diante da vitória da RN, chegou a hora de uma aliança ampla, claramente democrática e republicana para o segundo turno", disse o presidente francês em comunicado divulgado no domingo (30). Representantes da esquerda também assumiram compromissos semelhantes, mas ainda não se sabe se todos cumprirão suas promessas.

Rosto do presidente desapareceu dos santinhos de propaganda. A campanha foi pilotada pelo primeiro-ministro Gabriel Attal, mais popular entre os franceses, que defendeu o programa do partido Renascimento sem fazer recomendação de voto. A urgência é "impedir a todo custo" a chegada da extrema direita ao poder, reiterou na sexta-feira (5) a líder dos Ecologistas, Marine Tondelier, que apelou aos eleitores para que não votem na RN.