Cientistas usam modelos climáticos para apontar a data em que a Terra enfrentará uma extinção em massa; entenda

30 de abril de 2024 às 10:00
Meio Ambiente

Reprodução

O Globo

Segundo a pesquisa, os extremos climáticos serão dramaticamente intensificados quando os continentes do mundo eventualmente se fundirem para formar um supercontinente quente, seco e em grande parte inabitável.

Processos tectônicos, ocorrendo na crosta terrestre e resultando na formação de supercontinentes, também levariam a erupções vulcânicas mais frequentes, que produzem enormes emissões de dióxido de carbono na atmosfera, aquecendo ainda mais o planeta.

Os mamíferos, incluindo os humanos, sobreviveram historicamente graças à sua capacidade de se adaptar a extremos climáticos, especialmente através de adaptações como pelagem e hibernação no frio, bem como curtos períodos de hibernação em tempo quente.

Um dos autores, Alexander Farnsworth, pesquisador sênior associado da Universidade de Bristol, afirmou: "O supercontinente recém-formado efetivamente criaria um triplo golpe, composto pelo efeito de continentalidade, sol mais quente e mais CO2 na atmosfera, aumentando o calor para grande parte do planeta. O resultado é um ambiente principalmente hostil, desprovido de fontes de alimentos e água para os mamíferos”.

"Temperaturas generalizadas entre 40 e 50 graus Celsius, e até mesmo maiores extremos diários, aliadas a altos níveis de umidade, em última análise, selariam nosso destino. Os humanos — junto com muitas outras espécies — pereceriam devido à sua incapacidade de dissipar esse calor através do suor, resfriando seus corpos."

A equipe internacional de cientistas aplicou modelos climáticos, simulando tendências de temperatura, vento, chuva e umidade para o próximo supercontinente — chamado Pangea Ultima — esperado para se formar nos próximos 250 milhões de anos. Para estimar o futuro nível de CO2, a equipe usou modelos de movimento de placas tectônicas, química oceânica e biologia para mapear entradas e saídas de CO2.

Farnsworth, também professor visitante do Tibetan Plateau Earth System, Environment and Resources (TPESER), no Instituto de Pesquisa do Planalto Tibetano da Academia Chinesa de Ciências, disse: "O panorama no futuro distante parece muito sombrio. Os níveis de dióxido de carbono poderiam ser o dobro dos níveis atuais. Com o sol também previsto para emitir cerca de 2,5% mais radiação e o supercontinente estando localizado principalmente nos trópicos quentes e úmidos, grande parte do planeta poderia estar enfrentando temperaturas entre 40 e 70°C”.

"Este trabalho também destaca que um mundo dentro da chamada 'zona habitável' de um sistema solar pode não ser o mais hospitaleiro para os humanos, dependendo se os continentes estão dispersos, como temos hoje, ou em um único supercontinente."