Catadores de material reciclável denunciam prejuízos causados pela mineradora Braskem

16 de abril de 2024 às 15:58
Maceió

Reunião com a Defensoria Pública (Cortesia)

Redação com Assessoria

Uma comissão formada por catadores de material reciclável e moradores dos Flexais se reuniu, na semana passada, com o Coordenador do Núcleo de Proteção Coletiva da Defensoria Pública do Estado de Alagoas, o Defensor Público Ricardo Melro, para relatar os estragos causados pela Braskem no trabalho de reciclagem. Eles reclamam do prejuízo em até 70% de suas rendas e de que a mineradora está atuando para fechar com o ferro velho velho usado pela categoria há anos. 

Para o Defensor Público, a Braskem continua fazendo novas vítimas. "Desta feita, vítimas de forma dupla: (1) a empresa que retirá-los do espaço que usam há uns 15 anos como ferro velho e (2) perderam cerca de 70% de suas rendas por causa da expulsão da população das áreas vizinhas. O relato é de cortar os corações das pessoas normais (que não são psicopatas). Essa classe de trabalhadores não pode ser desprezada pela Braskem e precisa de indenização", informou Melro.

Residente no Flexal há mais de 37 anos, José Wellington da Silva Santos contou que seu meio de subsistência sempre foi o material reciclável. Segundo ele, que possui um ferro velho no bairro há 15 anos, passou a perder material de reciclagem após as mudanças no bairro geradas pela mineradora Braskem. “Nos últimos quatro anos, venho sentindo os danos causados pela Braskem. Como os moradores saíram da região, meu trabalho foi afetado, pois o material vinha dos próprios moradores.  Minha renda chegava a R$ 1.300 e, atualmente, não passa dos R$ 600”, explicou. 

De acordo com o José Wellington, anteriormente, o trabalho era feito com os próprios moradores da região, exercendo de porta em porta. “Hoje não é mais possível fazer. Preciso ir todos os dias para lugares diversos em Maceió, com muito esforço, suor, sacrífico e aperto, para conseguir me manter e manter a minha família. Porque não é fácil, preciso trabalhar mais horas por dia, tendo que sair de casa por volta das 5h horas da manhã e retornando por volta das 16h diariamente”, disse o morador.