Deputado alagoano publica artigo condenando violência nas escolas

18 de abril de 2023 às 10:38
Educação

Foto: Reprodução

Por redação

O deputado federal Daniel Barbosa (PP) publicou recentemente um artigo falando sobre o combate à cultura da violência nas escolas brasileiras. A matéria do parlamentar vem em resposta ao ataque em uma creche de Blumenau (SC) que vitimou quatro crianças.

No artigo, o parlamentar - que preside a Comissão de Educação na Câmara dos Deputados - diz que o Brasil enfrenta uma "sucessão de casos trágicos de violência nas escolas" nos últimos anos, destacando os casos mais recentes e apontando às redes sociais como um dos estimuladores.

"Comportamentos bizarros que remetem aos tempos primitivos são estimulados nas redes sociais e a barbárie ganha espaço no cotidiano", escreveu o parlamentar.

Ao elaborar, o deputado diz que a violência nas escolas é uma "doença social" cujo a origem reune vários fatores, apontando que a violência difere de tolerância e coexistência pacífica como ideais sociais.

"Certamente esses episódios nasceram de uma deformação produzida, no mínimo, pela cultura do ódio e das armas letais e pelo preconceito. Ninguém pode ficar indiferente a isso. São práticas deletérias, absurdas, que não cabem numa sociedade civilizada, onde devem prevalecer os exemplos de respeito ao próximo, tolerância e coexistência pacífica".

Como solução, o parlamentar disse que a área da Educação deve receber maiores investimentos.

"Trabalhar com conceitos positivos, investir na boa educação, na tolerância, no respeito ao próximo e na paz é caminho sem volta para estancar de vez a selvageria que atinge, física e psicologicamente, crianças, jovens, famílias inteiras, professores e funcionários no ambiente escolar", concluiu.

Veja o artigo na íntegra:

SIM À PAZ. NÃO À VIOLÊNCIA
Daniel Barbosa

Aureliano Cândido Tavares Bastos, o grande político e escritor alagoano, sempre esteve atento às questões sociais e era entusiasta da instrução pública. Nos idos de 1862, publicou uma obra intitulada Cartas do Solitário e nela registrou o seu pensamento: “não há salvação para o Brasil fora da instrução derramada na maior escala e no maior vigor”.

Essa verdade está sendo posta à prova em pleno Século XXI e não apenas no Brasil. No contexto de um verdadeiro retrocesso civilizatório, comportamentos bizarros que remetem aos tempos primitivos são estimulados nas redes sociais e a barbárie ganha espaço no cotidiano.

A situação é muito grave. Por isso, volto ao assunto que abordei no artigo da semana passada, condenando a violência nas escolas. Violência covarde que atinge crianças, adolescentes e professores. Brutalidade que ceifa vidas, fere gente indefesa e marca as famílias que perderam seus entes queridos com uma dor eterna, que não passa e não tem cura. Com esse tipo de coisa não há condescendência possível.

O Brasil enfrenta uma sucessão de casos trágicos de violência nas escolas. Ao longo dos anos e principalmente nos últimos dias essa situação tem se espalhado com uma rapidez surpreendente. É uma doença social que reúne vários fatores em sua origem.

Certamente esses episódios nasceram de uma deformação produzida, no mínimo, pela cultura do ódio e das armas letais e pelo preconceito. Ninguém pode ficar indiferente a isso. São práticas deletérias, absurdas, que não cabem numa sociedade civilizada, onde devem prevalecer os exemplos de respeito ao próximo, tolerância e coexistência pacífica. Vamos percorrer o caminho do bem, segundo a sábia lição de Martin Luther King: “Não permita que ninguém o faça descer tão baixo a ponto de você sentir ódio”.

É tiro, é arma, é bomba, é xingamento. Nada disso presta. Violência, sob qualquer forma, é coisa primitiva. Aos pais cumpre dar bons exemplos e orientar seus filhos para a vida social. Ao Estado cabe oferecer educação de qualidade, proteger a população e punir exemplarmente os autores de violência escolar, mostrando aos que quiserem se aventurar pelo mau caminho, inclusive aos provedores de redes sociais, que a Internet não é terra sem lei e que o crime não compensa.

É indispensável dar bons exemplos. É indispensável difundir mensagens de respeito e paz. É indispensável e urgente garantir a segurança e a integridade física e psicológica das crianças e dos professores, das merendeiras, dos alunos e de todos que trabalham e frequentam o ambiente escolar.

Tavares Bastos, há mais de cento e cinquenta anos, tinha total razão. É da boa e vigorosa instrução, derramada na maior escala, com mensagens de fraternidade, solidariedade, respeito e paz, ensinadas desde a infância, que se molda o caráter das pessoas. Se as lições e os exemplos forem ruins, teremos consciências deformadas.

Anísio Teixeira, o nordestino que contribuiu decisivamente para a democratização do ensino e a universalização da educação pública e gratuita no país, em todos os níveis, se insurgia contra os reflexos que uma sociedade deformada produzia “nos pequeninos cérebros infantis”. Leonel Brizola, que governou o Rio Grande do Sul e o Rio de Janeiro, tendo a educação como pilar de suas administrações, afirmava que “sem a preparação do ser humano não há desenvolvimento. A violência é fruto da falta de educação”.

Investir no ensino é investir no ser humano e preparar gerações para o futuro. E isso depende da política educacional voltada para as virtudes solares e dos bons professores, que existem aos montes e precisam de um ambiente de segurança para bem exercer o seu nobre ofício.

Registro, por dever de justiça, alguns dos avanços do governo Lula nos seus primeiros cem dias, no campo da educação. Depois de seis anos sem aumento, os repasses financeiros para alimentação escolar foram reajustados em 39%. As bolsas de pesquisa e permanência na universidade, relegadas a segundo plano pelo governo anterior, foram expandidas e reajustadas. Só nesse início de governo, o FNDE enviou aos estados e municípios recursos equivalentes aos valores repassados ao longo de todo o ano passado. Foram retomadas aproximadamente quatro mil obras de creches e escolas. O governo federal começou bem, no entanto é preciso ir além disso para melhorar cada vez mais o bem-estar da população, que já recuperou a sua autoestima.

Sou o deputado federal mais jovem desta legislatura. No plenário da Câmara dos Deputados prestei contas de minhas atividades, destacando que, mesmo sendo novato, logo no início deste mandato me esforcei muito e consegui quase R$ 10 milhões para a cidade de Arapiraca. Também nesta semana apresentei um projeto de lei fixando prazo para o INSS realizar exame médico-pericial, que se não for observado acarretará a concessão provisória do benefício pleiteado.

Trabalhar com conceitos positivos, investir na boa educação, na tolerância, no respeito ao próximo e na paz é caminho sem volta para estancar de vez a selvageria que atinge, física e psicologicamente, crianças, jovens, famílias inteiras, professores e funcionários no ambiente escolar. Alagoas e o Brasil podem contar com os meus melhores esforços e com meu apoio incondicional também nesse combate, que é prioridade na agenda das preocupações nacionais.