R$ 1,7 milhão: PF aponta que secretário comprou imóveis de luxo para amante com dinheiro desviado da Saúde
Por Francês News
A Polícia Federal (PF) identificou na Operação Estágio IV que parte dos mais de R$ 100 milhões desviados do SUS em Alagoas teria sido usado pelo secretário estadual de Saúde afastado, Gustavo Pontes de Miranda, para comprar imóveis de luxo para sua suposta amante, Andreia Araújo Cavalcante. É o que aponta o jornalista Carlos Madeiro, do portal UOL.
A investigação aponta que Gustavo era o líder de uma organização criminosa que desviava recursos por meio de contratos superfaturados na Secretaria de Saúde.
Entre os bens adquiridos estão uma casa no Setor de Mansões Park Way, em Brasília, avaliada em R$ 1,69 milhão, e um flat à beira-mar no bairro de Cruz das Almas, em Maceió, por R$ 797 mil. A PF sustenta que Andreia, que tem rendimentos declarados incompatíveis com esses valores, mantinha um “alto nível de intimidade” com Gustavo e se comportava como “verdadeira cônjuge”.
A investigação revelou que Andreia, que possui dois vínculos públicos em Alagoas (Sesau e Assembleia Legislativa) sem comparecimento frequente, movimentou R$ 4,99 milhões entre 2023 e 2024. Ela recebeu depósitos de empresas prestadoras de serviço à Saúde e do dono da clínica NOT (Núcleo de Ortopedia e Traumatologia), onde Gustavo foi sócio até junho de 2023.
A NOT é apontada como peça central do esquema. Um mês após Gustavo deixar a sociedade, a clínica foi cadastrada no programa Mais Saúde/Especialidades do SUS e apresentou créditos de R$ 6,5 milhões. A PF identificou discrepâncias graves, como a cobrança por 22.752 sessões de fisioterapia em fevereiro de 2024 – o que equivaleria a 95 atendimentos por hora, considerado impossível.
Gustavo, que é sobrinho-bisneto da psiquiatra Nise da Silveira e do jurista Pontes de Miranda, negou as acusações em nota, classificou a operação como “abuso” e afirmou que nunca praticou ilícitos. Andreia e o advogado dela não se manifestaram.
O governo de Alagoas criou uma comissão especial para acompanhar o caso e afirmou que não compactua com irregularidades. A PF segue aprofundando as investigações sobre o esquema, que já levou ao afastamento de Gustavo e de outros dez servidores.