Gaspar vai convocar Jorge Messias, Leila da Crefisa, Romeu Zema e Lulinha; relator acusa blindagem do governo na CPMI do INSS

02 de dezembro de 2025 às 17:16
Política

Relator da CPMI do INSS, Alfredo Gaspar disse que não haverá ingerência em seu relatório - Foto: Reprodução

Por Francês News

O deputado alagoano Alfredo Gaspar (União Brasil) concedeu, nesta terça-ferira (2) entrevista à CNN em que comentou o andamento dos trabalhos desde o início dos trabalhos da CPMI do INSS. O relator afirmou que a comissão encerrará a primeira fase das investigações na quinta-feira (4) com a votação de uma série de convocações sensíveis, incluindo autoridades federais, dirigentes de bancos, empresários e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema. Segundo Gaspar, a ordem é “limpar a pauta”, levando todos os requerimentos ao crivo dos parlamentares.

Gaspar confirmou que serão votadas as convocações do ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, da empresária Leila da Crefisa, do banqueiro Daniel Vorcaro e de oito dirigentes de instituições financeiras, além de Zema. Disse ainda que há pedido pendente para convocar o filho do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que seguirá para discussão na própria comissão.

O relator afirmou que as votações ocorrerão individualmente, sem acordos prévios, o que permitirá identificar quem atua para barrar ou liberar determinadas oitivas. Segundo ele, a população poderá “entender quem está blindando quem”.

Ao ser questionado sobre o ministro Jorge Messias, Gaspar negou qualquer relação entre sua convocação e a indicação ao STF. Disse que Messias já era alvo de requerimento desde o início da CPMI para esclarecer a atuação da AGU sobre sindicatos ligados ao governo, citando o Sindinap, onde atua um irmão do presidente da República. Segundo o relator, o ministro recusou o convite inicial, o que automaticamente transformou o pedido em convocação.

Gaspar também foi provocado sobre o pedido de convocação de Lulinha. Ele evitou adiantar detalhes, mas afirmou que “não é desarrazoada” a motivação dos requerentes e que há “informação muito séria” sobre vínculos do filho do presidente com um dos principais investigados do esquema.

O parlamentar acusou o governo federal de trabalhar para blindar aliados e evitar que determinados nomes prestem esclarecimentos. Citou a marqueteira Daniela Fonteles, que, segundo ele, recebeu mais de R$ 8 milhões de recursos desviados do INSS via o operador conhecido como careca do INSS. Ligou a relação ao envolvimento em empresa de maconha medicinal que nunca entrou em operação. Também apontou blindagem sobre Gustavo Gaspar, Edson Claro e Paulo Bordens, além de duas entidades de Sergipe suspeitas de repassar milhões a um secretário partidário. Há pedidos de prisão que, segundo o deputado, ainda não foram votados.

Gaspar declarou que não aceitará “bandido de estimação” e que seu relatório final apontará, com nomes e justificativas, quem atuou politicamente para impedir investigações. Disse que não há ingerência sobre seu texto final, mas reconheceu que as convocações dependem da correlação de forças dentro da CPMI.

Questionado sobre o risco de uso político das convocações, o relator afirmou que cada caso possui elementos objetivos que justificam as oitivas. E reforçou que, no caso de Lulinha, há informações que exigem aprofundamento.

A votação de quinta-feira deve se tornar o ponto de maior tensão da CPMI desde sua instalação, com impacto direto no andamento das investigações e na exposição das articulações políticas em torno dos nomes mais sensíveis.