Embaixada dos EUA critica prisão de Bolsonaro e volta a atacar Moraes

23 de novembro de 2025 às 11:31
Política

Foto: reprodução

Por Redação com agências 

A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil divulgou neste sábado (22) uma nota criticando a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A representação diplomática classificou a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como “provocativa e desnecessária”, afirmando que o episódio “expôs o Supremo à vergonha e ao descrédito internacional”.

Segundo a nota, o governo americano vê com “profunda preocupação” o que descreve como “mais um ataque ao Estado de Direito e à estabilidade política no Brasil”. O texto enfatiza que Bolsonaro já cumpria prisão domiciliar com monitoramento e restrições, reforçando que a conversão para o regime fechado seria uma medida extrema.

A publicação reproduz uma mensagem do vice-secretário de Estado Christopher Landau, ex-embaixador dos EUA no Brasil, que também criticou a atuação de Moraes. O ministro, vale lembrar, está sancionado pelo governo americano no âmbito da Lei Magnitsky, mecanismo usado pelos EUA contra autoridades acusadas de abusos de poder.

A manifestação ocorreu antes de viralizar a informação de que Bolsonaro admitiu ter usado um ferro de solda para violar a tornozeleira eletrônica — um dos principais fundamentos da decisão de Moraes de decretar a prisão preventiva. A BBC News Brasil informou que ainda aguarda posicionamento oficial da embaixada sobre esses novos elementos do caso.

A declaração gerou repercussão imediata no Brasil. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) agradeceu o apoio de autoridades americanas e afirmou que as instituições brasileiras foram “consumidas pelo vírus da censura, do medo e da arbitrariedade”. O parlamentar é réu no STF sob suspeita de articular, nos Estados Unidos, ações capazes de prejudicar o Brasil para favorecer seu pai, acusação que ele nega.

Nos EUA, o presidente Donald Trump disse desconhecer a prisão ao ser questionado por repórteres. “Foi isso que aconteceu? É uma pena”, declarou, mantendo o tom de apoio ao aliado político. Enquanto isso, no Brasil, Bolsonaro permanece detido na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, em uma sala especial preparada desde agosto.

O mandado de prisão preventiva foi cumprido na manhã de sábado, após Moraes concluir que havia risco de fuga, especialmente após a convocação de uma “vigília” feita por Flávio Bolsonaro nas imediações da residência do ex-presidente. Segundo o ministro, a mobilização poderia tumultuar o monitoramento e dificultar a ação policial.

A decisão ocorre em meio ao processo que condenou Bolsonaro a 27 anos e três meses por tentativa de golpe de Estado. Com a rejeição dos últimos recursos, o caso aproxima-se do trânsito em julgado. A audiência de custódia do ex-presidente está marcada para este domingo, por videoconferência, na sede da PF no Distrito Federal.