Sindicato denuncia abandono em maternidade de Alagoas: superlotação, falta de insumos e aparição de escorpiões
Por Francês News
O Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Alagoas (SINEAL) fez um grave alerta sobre as condições de atendimento na Maternidade Escola Santa Mônica, localizada no bairro do Poço, em Maceió. Em um vídeo divulgado nas redes sociais neste domingo (26), a entidade denuncia o abandono da unidade pelo Governo do Estado, listando problemas como superlotação crônica, falta de insumos básicos e até a aparição de escorpiões dentro das dependências do hospital.
De acordo com o SINEAL, a superlotação é uma rotina na maternidade, com camas instaladas permanentemente nos corredores para funcionarem como leitos. A situação, segundo o sindicato, tem levado ao adoecimento dos profissionais de enfermagem, que também sofrem com retaliações e com a escassez crítica de materiais.
Entre os itens em falta citados na denúncia estão:
- Material de limpeza
- Papel higiênico
- Toalhas de papel para higiene das mãos
- Esparadrapo (chegando ao ponto de os profissionais precisarem comprar do próprio bolso)
Um dos pontos mais alarmantes da denúncia é o aparecimento de escorpiões dentro da unidade de saúde. Relatos dão conta de que três aracnídeos foram encontrados no forro, além de um outro na sala das enfermeiras, em um local de passagem.
O vídeo do sindicato mostra imagens do interior da maternidade e inclui depoimentos que reforçam a situação de descaso. "Um hospital referência como esse, está faltando papel higiênico... o escorpião que está aparecendo aqui, o descaso", relata um acompanhante de uma gestante.
O SINEAL concluiu com um apelo urgente aos órgãos competentes para que intervenham na situação, garantindo dignidade tanto para as profissionais de saúde quanto para as gestantes que dependem da unidade, muitas delas alojadas em cubículos em números superiores à capacidade. A maternidade, que deveria ser um local de acolhimento, vive uma realidade de precariedade que exige ação imediata das autoridades.
Esta não é a primeira denúncia envolvendo o abandono na Maternidade Escola Santa Mônica. O Sindicato dos Médicos de Alagoas (Sinmed-AL) mostrou o "dia de caos" que estava a unidade hospitalar na última quarta-feira (22) com pacientes internadas na área de triagem e uma mulher recém-operada sendo atendida em uma maca no corredor.
De acordo com o Sinmed-AL, a crise na Santa Mônica é uma "dor que se repete", reflexo direto da falta crônica de estrutura e de investimentos adequados na rede pública de saúde do estado, comprovando o abandono da área pelo governo Paulo Dantas (MDB). O sindicato denuncia a sobrecarga insustentável sobre os profissionais e a precariedade do atendimento oferecido a gestantes e bebês, que têm suas vidas colocadas em risco.
Em nota, a Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), que é a responsável por gerir a maternidade confirmou que está trabalhando acima de sua capacidade, mas não comentou a falta de insumos e nem o aparecimento de escorpiões na unidade hospitalar.
Nota
A Maternidade Escola Santa Mônica (MESM) informa que nesta quarta-feira (22) está enfrentando um quadro de superlotação, com número acima da capacidade ideal de pacientes internadas, que é de 40 leitos para gestantes e puérperas, e 10 leitos de pré-parto. Nesta data a maternidade está com 15 pacientes internas acima da capacidade.
A Maternidade é referência estadual no atendimento a gestantes e recém-nascidos de alto risco, encaminhados de diversos municípios alagoanos, por isso, ocasionalmente, ocorrem situação de superlotação. Vale destacar que, por se tratar de casos que exigem cuidados especializados e contínuos, o tempo médio de internação é maior do que em maternidades de risco habitual, o que torna a rotatividade mais lenta.
A Direção ressalta que a Maternidade não pode e não deve fechar suas portas à alta demanda, uma vez que as gestantes encaminhadas ao local pelas unidades necessitam de assistência imediata e segura, por serem casos de risco elevado, que demandam estrutura e equipe específicas.
A direção reforça que a solução definitiva para as situações de superlotação passa pelo fortalecimento da rede de atenção obstétrica, que é responsabilidade dos municípios, com o funcionamento efetivo do pré-natal, principalmente na prevenção e controle das síndromes hipertensivas, das diabetes descompensadas e na realização dos exames de rotina, que devem ser solicitados e garantidos às gestantes em tempo hábil para intervenções oportunas.