Erro médico "corrói" braço de recém-nascida em maternidade estadual, em Maceió; família fez B.O
Por Francês News
Uma denúncia de possível erro médico e negligência profissional na Maternidade Escola Santa Mônica, em Maceió, causou um grave ferimento em uma recém-nascida. A família registrou um Boletim de Ocorrência na Central de Flagrantes da capital alagoana, na noite desta quinta-feira (21).
Segundo a mãe da bebê, identificada com Clarisse, durante o período de gravidez foi descoberto que a criança nasceria com uma má formação chamada gastrosquise e foi recomendado que o parto fosse feito na Santa Mônica.
Logo após o nascimento e diante de um estado de saúde delicado, a criança deu início a um tratamento medicamentoso. Enquanto recebia o tratamento prescrito, um dos medicamentos teria sido aplicado de maneira incorreta, extravasando para o tecido subcutâneo do braço da criança. A substância provocou uma lesão extensa, descrita pela mãe como “corrosiva”, com danos significativos ao pequeno braço da bebê.
A situação foi notada inicialmente pelos próprios pais, que relataram ter percebido o comprometimento do braço. Segundo a mãe, os profissionais responsáveis não teriam monitorado adequadamente a aplicação. Ela temeu que a filha perdesse o membro, caso ela própria não tivesse intervindo.
A família afirmou ainda ter buscado, no mesmo dia do ocorrido, registrar a queixa junto à ouvidoria da maternidade. Entretanto, relatam que não havia responsável disponível para atendimento imediato, e que as orientações recebidas foram genéricas, incluindo a recomendação de reunir evidências em vídeo, áudio e imagem.
O protocolo foi devidamente aberto, mas até o momento, segundo os familiares, o processo segue "em análise", sem retorno efetivo por parte da gestão da unidade.
A família reclama ainda a falta de clareza sobre qual medicamento foi aplicado no momento da lesão. A mãe afirma ter solicitado acesso ao prontuário médico da filha, mas foi informada que esse só seria disponibilizado após a alta hospitalar da criança. Posteriormente, houve a promessa de entrega do documento, que não se concretizou.
Família registrou B.O para denunciar caso. Foto: Reprodução
A mãe também relatou se sentir constrangida e coagida ao ser chamada para tratar do assunto em particular com a administração da unidade, o que a levou a recusar o encontro.
Além do incidente com a medicação, a criança passou por nova complicação após a realização de uma ostomia, procedimento em que se cria uma abertura no abdômen para eliminação de fezes.
Segundo a denúncia, devido à ausência de bolsas de colostomia específicas para recém-nascidos, teriam sido utilizadas bolsas de uso adulto, resultando em vazamentos e lesões na pele da bebê, além de uma infecção nos pontos da cirurgia da gastrosquise.
A família, que afirma já ter reunido provas documentais e audiovisuais do ocorrido, cobra investigação rigorosa por parte das autoridades competentes, bem como responsabilização dos profissionais envolvidos.
A Maternidade Santa Mônica é gerida pela Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal).
Em nota enviada à reportagem a Uncisal informou que a paciente recebe a assistência necessária de forma contínua e multidisciplinar e que a gastrosquise aumenta possibilidade de intercorrências comuns nesse tipo de paciente, demandando cuidados intensivos e intervenções altamente especializada. A direção da unidade disse também que o prontuário médico da paciente foi entregue à família na tarde de ontem (21).
Leia a nota da Uncisal completa:
A Maternidade Escola Santa Mônica informa que a paciente em questão vem recebendo toda a assistência necessária, de forma contínua e multidisciplinar. A doença de base, gastrosquise, uma má-formação congênita rara da parede abdominal, caracteriza-se como um quadro grave e complexo, que geralmente requer internação prolongada em unidade de terapia intensiva neonatal. Essa condição aumenta a possibilidade de intercorrências, comuns nesse tipo de paciente, e demanda cuidados intensivos e intervenções altamente especializadas.
O hospital destaca que todas as medidas necessárias vêm sendo adotadas, incluindo a realização de procedimentos cirúrgicos sempre que clinicamente recomendados, além do acompanhamento por profissionais capacitados nas diversas áreas envolvidas. Ressalta, ainda, que todo o manejo segue protocolos atualizados de segurança e qualidade, voltados para a melhor evolução clínica possível dentro das condições do quadro.
A direção da unidade informa ainda que o prontuário médico da paciente foi entregue à família na tarde de ontem (21). Quanto a uma possível transferência, a instituição esclarece que ela somente poderá ser realizada quando houver condições de estabilidade clínica, garantindo, dessa forma, a segurança da paciente no processo.