Pensam que o governo acabou, mas se 'acontecer o que estou pensando' o Brasil vai ter o primeiro presidente eleito quatro vezes, diz Lula

04 de julho de 2025 às 14:26
POLÍTICA

Foto: reprodução

Por redação com O Globo

Um evento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Petrobras virou palanque para ele comentar a "guerra" com o Congresso e acenar aos parlamentares, mas sem deixar de dizer que "o governo não acabou", como alguns estariam pensando, e indiciar que será um candidato forte à reeleição.

— Não quero nervosismo. Porque eu só tenho um ano e meio de mandato, tem gente pensando que o governo acabou. Mas eles não sabem o que eu estou pensando — disse. — Se preparem, porque se acontecer tudo que eu estou pensando, este país vai ter pela primeira vez um presidente eleito quatro vezes.

Ao comentar que parece haver uma "guerra" com o Congresso, o petista botou panos quentes e disse que aprovou "99%" do que mandou ao Legislativo.

— Sou muito agradecido pela relação que tenho com o Congresso. Até agora, neste mandato, o Congresso aprovou 99% das coisas que mandamos. Sou grato ao Congresso Nacional — afirmou. — Quando tem uma divergência, é bom, porque a gente vai, senta e negocia.

Lula também aproveitou o evento para reforçar o discurso de "justiça tributária" que virou o novo mote do governo. No cenário de atritos com o Legislativo, reclamou da dificuldade de impor mudanças nos impostos do país.

— Este país muitas vezes foi governado por 35% da população. Governar para 100% é mais complicado, exige mais sacrifício, mais trabalho, compreensão, carinho — disse. — O que é duro é que as pessoas não querem ceder, quem tem privilégio não quer abrir mão dos privilégios.

A fala se deu depois que o presidente mencionou a tentativa de isentar do imposto de renda quem ganha até R$ 5 mil. Segundo Lula, a intenção dele era ampliar a medida para quem ganha até cinco salários mínimos, mas precisou reduzir a faixa.

Nesta sexta-feira, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a suspensão dos decretos do Executivo envolvendo mudanças no IOF e também o projeto aprovado pelo Congresso que havia revogado a medida da gestão Lula. Com a decisão, fica mantido o estágio atual, em que as alíquotas do imposto permanecem as anteriores à elevação do tributo.

O ministro ainda designou uma audiência de conciliação a ser realizada no próximo dia 15 entre as presidências da República, do Senado e da Câmara dos Deputados, a Procuradoria-Geral da República, a Advocacia-Geral da União e as demais partes do processo. Após a audiência, ele vai analisar a manutenção ou não da decisão.

No evento da Petrobras, o petista fez uma defesa enfática dos indicadores macroeconômicos do Brasil no seu governo, citando o desemprego baixo e o aumento da renda, por exemplo.

— Não tem um número ruim da economia deste país além da taxa de juros alta. Herdamos uma pessoa (Roberto Campos Neto, ex-presidente do Banco Central) que tinha uma febre muito alta (para aumentar juros), e para curar essa febre demora — alegou.

Quem ecoou o discurso do presidente foi o ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia.

— O senhor tem enfrentado no dia a dia grandes desafios para fazer algo tão óbvio, que é a justiça tarifária. E também a justiça tributária. O senhor nada mais quer do que ver aqueles que mais precisam, que ganham menos, pagando menos, e aqueles que têm grandes desonerações, na maior parte das vezes desnecessárias, pagando mais — afirmou o ministro, que pediu ainda que o Congresso "ajude a construir o Brasil que queremos construir".

Lula participou, no Rio, do anúncio de um pacote de investimentos em unidades de refino da Petrobras e da Braskem, no valor de R$ 33 bilhões até 2029. A estimativa é de geração de 38 mil empregos.

O evento foi realizado na Refinaria Duque de Caxias (Reduc), na Região Metropolitana, uma das maiores do país. Compareceram ao lado do presente os ministros Silveira, Esther Dweck (Gestão e Inovação) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos).