Líderes da Câmara criticam ação no STF sobre IOF e veem 'declaração de guerra' do governo: 'Tiro no pé'

01 de julho de 2025 às 14:16
POLÍTICA

Foto: reprodução

Por redação com O Globo

Líderes da Câmara dos Deputados reagiram à decisão do governo de judicializar a derrubada do decreto presidencial que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e afirmaram que a medida representa uma “declaração de guerra” ao Legislativo.

A iniciativa ocorreu após aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que optou por ingressar no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma ação para tentar anular a decisão dos parlamentares.

O líder do Republicanos, Gilberto Abramo (Republicanos), aliado do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos), afirmou que o governo está dando um tiro no pé e declarando guerra.

"O sentimento é ruim, o governo acaba errando mais ainda. O PSOL já havia judicializado, por que o governo quis judicializar? Para mostrar para sua base? É um tiro no pé. Ele mesmo (governo) está declarando guerra com o Congresso, o ambiente vai ficar mais pesado", disse Abramo.

O assunto repercutiu no grupo de WhatsApp dos líderes, que tem Motta como integrante. A comunicação entre eles está sendo feita, principalmente, pelo aplicativo nesta semana, já que parte dos parlamentares viajou a Lisboa, para um evento do ministro do STF, Gilmar Mendes. Motta não fez comentários no grupo.

"Vai esticando a corda e vai romper. O governo ainda está envolvendo um terceiro player, que é o STF só piora. Com os nervos à flor da pele, tudo é possível (sobre retaliação). Lula tem que sair no enclausuramento, colocar a cara dele para fora e conversar com os deputados", afirmou o líder do PDT, Mario Heringer (MG).

No grupo de WhatsApp, os líderes do PT, Lindbergh Farias (RJ), e do PSOL, Talíria Petrone (RJ), saíram em defesa de Lula. Já a oposição pretende usar o episódio para colocar o governo como inimigo do povo.

"O governo tirou a máscara e mostrou o rosto da crueldade tributária. Lula 3 não governa: caça o bolso do povo. Não confia mais nem no PSOL para fazer o serviço sujo, assumiu que o objetivo é um só: tirar até o que o pobre não tem", disse o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (PL).

Mais cedo, em evento no Palácio do Planalto, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, pregou o distensionamento na relação.

"Acho que vai prevalecer o diálogo. Entendo que não (vai acirrar os ânimos) e que o diálogo é um bom caminho", disse.