“Eu odeio pobre”: Pastor choca fiéis com discurso em culto

25 de junho de 2025 às 11:46
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O pastor Nicoletti, líder da Igreja Recomeçar e apoiador declarado do ex-presidente Jair Bolsonaro, causou indignação nas redes sociais ao publicar um vídeo com declarações polêmicas feitas durante uma de suas pregações. Em tom agressivo, o religioso disse que “odeia pobres” e classificou o ato de dar esmolas como “patrocínio à escravidão”.

Durante o culto, transmitido e compartilhado em suas próprias plataformas digitais, Nicoletti não poupou palavras ao atacar pessoas em situação de vulnerabilidade. “Eu odeio pobre. Jesus nunca foi pobre. Isso é mentira. O pobre vive como vítima, sempre culpando quem tem mais por sua condição”, afirmou, fazendo uma interpretação altamente questionável das Escrituras.

O discurso do pastor, recheado de frases típicas de palestras de autoajuda, mescla conceitos religiosos com a retórica motivacional de “coach”.

Segundo ele, doar dinheiro para quem passa necessidade é reforçar a mentalidade de escassez.  “Jesus nunca deu uma esmola. Jesus mudou a mentalidade das pessoas. Dar esmola patrocina a escravidão. Em vez de dar esmola, traz a pessoa três dias aqui. Você vai ver, vai mudar a vida dela”, argumentou.

Nicoletti ainda aproveitou o momento para atacar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), chamando-o de “ladrão” e fazendo referência à sua deficiência física ao usar o termo “nove dedos”. “Todo ladrão tem o discurso de ajudar o pobre. Só que não é só o ‘nove dedos’, não. Tem um monte de cristão ladrão dentro da igreja, que rouba do altar e critica a corrupção lá fora, mas é corrupto aqui dentro da igreja”, afirmou, misturando política com religião.

As reações foram imediatas. Diversos usuários das redes sociais acusaram o pastor de usar o púlpito para disseminar ódio, elitismo e preconceito, contrariando os princípios cristãos de compaixão, empatia e serviço ao próximo. A frase “odeio pobre” virou assunto entre teólogos, influenciadores e membros da comunidade evangélica, muitos dos quais se manifestaram em repúdio.

Críticos também apontaram a incoerência entre a mensagem de Jesus — que andava com os marginalizados e se aproximava dos que sofriam — e o discurso de Nicoletti, que exalta a meritocracia enquanto menospreza os que enfrentam dificuldades financeiras. Para muitos, a fala do pastor representa uma deturpação do Evangelho em nome de uma ideologia política.

Até o momento, Nicoletti não se pronunciou sobre a repercussão negativa do vídeo. Mesmo assim, sua postura tem alimentado o debate sobre o uso do púlpito como ferramenta de propaganda política e de disseminação de discursos radicais travestidos de fé.