Aos 77, Marco Nanini estreia na Parada do Orgulho LGBT+: 'Mostrar que não tem problema nenhum ser gay'

23 de junho de 2025 às 11:26
Celebridades

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Marco Nanini, de 77 anos de idade, marca sua estreia na Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo neste domingo (22). O ator pernambucano, conhecido por trabalhos icônicos como A Grande Família e O Auto da Compadecida, decidiu participar do evento justamente por causa do tema de 2025: "Envelhecer LGBT+: Memória, Resistência e Futuro".

O tema deste ano coloca em foco a visibilidade e dignidade das pessoas LGBT+ idosas, celebrando quem abriu caminhos para a comunidade. Capa da Quem desse mês, o ator falou de sua própria jornada de descobrimento e vivência gay, enquanto um dos maiores atores de uma geração ainda muito marcada pelo preconceito.

"Decidi ir justamente pelo tema", conta. "A luta do movimento LGBT+ (ou dos viados, porque eu sou pré-dinossauro) é tão grande e tão violenta, no bom sentido… Hoje percebo isso, então decidi mudar minha atitude. Não tenho um caráter expansionista, divertido, até porque isso tudo já faço no teatro [...] Estarei na Parada para mostrar que não tem problema nenhum ser gay. A gente não pode deixar de falar sobre isso, porque, apesar de o mundo ter avançado muito, é importante que a gente não pare, para não retroceder. É uma luta danada, mas tem um sabor, também", defendeu.

A participação de Nanini ganha ainda mais relevância considerando que ele tornou sua homossexualidade expressamente pública apenas em 2011, aos 65 anos. Na época, o ator surpreendeu parte do público que o acompanhava há décadas na televisão e no teatro.

"Eu nunca escondi", enfatiza, ressaltando seu caráter mais discreto e reservado. "Se as pessoas percebiam ou achavam algo, tanto faz".

Apesar disso, em 2011, o ator sentiu a necessidade de expressar veementemente sua orientação após um episódio de violência chocante. "Foi um grupo de jovens que atacou gays na Avenida Paulista, em São Paulo, com umas lâmpadas fluorescentes. E por motivo nenhum! Isso é o mais triste. Por ignorância, por preconceito ou até por insegurança. Fiquei tão chocado com aquilo que falei: 'Vou ter que me posicionar, tenho que dizer que eu não gostei disso e por que eu não gostei disso'".

 

Cado há 36 anos com Fernando Libonati, seu produtor, e os dois mantêm um relacionamento aberto.

"Tenho uma relação muito forte, muito grande com ele. Somos casados, mas moramos em casas separadas. O negócio é o seguinte: eu nunca tive ciúme. Acho o ciúme uma desgraça, uma coisa horrorosa, então sempre falei 'por que eu vou me aprisionar? Aprisionar uma pessoa de quem gosto?'", detalha.

"Todas as pessoas com quem me relacionei eram abertas, todos podiam fazer o que quisessem. Não precisava me contar, nem eu precisava contar, não precisava ficar de fofoca comigo, mas sempre achei a coisa mais interessante. Não é para cair na gandaia, não é, não se trata disso; é você poder ser tudo que você é, do jeito que você é, sem problema nenhum", reflete na entrevista.