França reforça controle de migrantes em trens e ônibus; "ilegais não são bem-vindos", diz ministro do Interior
Terra
"Nas próximas 48 horas, vamos mobilizar 4.000 gendarmes, policiais, agentes alfandegários e forças do Exército para prender imigrantes ilegais", disse o ministro francês em entrevista ao canal CNews e à rádio Europe 1.
"Desde o início do ano, já prendemos 47.000 pessoas", afirmou o ministro do Interior francês, que tem feito da luta contra a imigração sua principal bandeira política. Em uma nota enviada especialmente às Secretarias de Segurança Pública do país, o ministro deu instruções para execução de uma operação nacional de controle de "trens com destino a países vizinhos e grandes metrópoles francesas, tanto na chegada quanto na partida".
Segundo o documento, houve um "aumento significativo na interceptação de ESI (estrangeiros em situação irregular) nas últimas semanas (+28%)". Retailleau, que também é líder do partido de direita "Os Republicanos", ainda menciona na nota uma operação nacional de controle realizada em 20 e 21 de maio, que resultou em mais de 750 prisões.
Nesta quarta-feira, o ministro declarou ter "reintroduzido de forma muito mais rigorosa" o controle nas fronteiras. "Quero deixar claro que os imigrantes ilegais não são bem-vindos na França, da forma mais firme e definitiva possível", declarou Retailleau.
Operação policial choca associações
No dia 13 de junho, durante uma operação policial na praia de Gravelines, no norte da França, policiais armados entraram no mar para impedir que migrantes embarcassem rumo ao Reino Unido.
A ação, divulgada nesta quarta-feira (18) pela rádio Franceinfo, foi considerada "excepcional" por sindicatos policiais e gerou preocupação entre associações humanitárias, que temem uma "mudança de doutrina" nas estratégias para conter o fluxo migratório. A operação envolveu o uso de gás lacrimogêneo e ocorreu em meio a um grupo de cerca de 30 migrantes, incluindo crianças.
A França tem reforçado o controle na costa norte, mobilizando diariamente 1.200 agentes - cerca de 730 são financiados pelo Reino Unido, conforme o tratado de Sandhurst - acordo bilateral assinado em 18 de janeiro de 2018 entre os dois países.
O objetivo é reforçar a cooperação na fronteira comum, especialmente na região de Calais, onde há forte pressão migratória. Algumas técnicas de interceptação no mar vêm sendo testadas. Mas a atuação direta, dentro da água, ainda não tem um respaldo legal, embora barcos militares franceses já tenham executado ações pontuais no mar, autorizadas pelas Secretarias de Segurança Pública regionais. A associação Utopia56 alerta para o aumento da pressão sobre a França.
O Ministério do Interior britânico pede mudanças na política operacional francesa para permitir ações mais rápidas nas regiões costeiras. (Com AFP)