EUA advertem Irã a não atacar alvos americanos em retaliação ao bombardeio israelense
Por redação com InfoMoney e Reuters
Após Israel lançar o que chamou de “ataque preventivo” ao Irã nesta quinta-feira, mirando o programa nuclear o país, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, alertou Teerã contra qualquer forma de retaliação dirigida às forças americanas na região. Na véspera, os EUA orientaram os corpos diplomáticos em países do Oriente Médio para deixar a região, em meio ao acirramento das tensões.
“Deixe-me ser claro: o Irã não deve atacar os interesses ou o pessoal dos EUA”, disse Rubio em comunicado, esclarecendo que os Estados Unidos “não estão envolvidos em ataques contra o Irã e que nossa principal prioridade é proteger as forças americanas na região”.
Ele acrescentou que “Israel nos informou que acredita que essa ação foi necessária para sua autodefesa”.
Entenda o ataque
O governo israelense lançou o que chamou de “ataques preventivos” contra o Irã e alertou sua população para o risco iminente de uma retaliação com “mísseis e drones” vindos do território iraniano. Segundo Israel, o alvo da operação intitulada “Nação de Leões” é o programa nuclear do Irã, além de instalações ligadas ao programa de mísseis balísticos.
“Dezenas de aeronaves da Força Aérea Israelense realizaram recentemente o ataque inicial, que incluiu ataques a dezenas de alvos militares, incluindo instalações nucleares em várias áreas do Irã” afirmou, em comunicado, o comando das Forças Armadas israelenses. “Por anos, o regime iraniano vem travando uma campanha direta e indireta de terror contra o Estado de Israel, financiando e direcionando atividades terroristas por meio de seus representantes em todo o Oriente Médio, enquanto avança para obter uma arma nuclear. O regime iraniano está à frente do eixo responsável por todos os ataques terroristas contra o Estado de Israel desde o início da guerra.”
Em pronunciamento, o premier israelense, Benjamin Netanyahu disse que um dos alvos era a “instalação de enriquecimento nuclear em Natanz”, que foi alvo de ações de sabotagem atribuídas a Israel no passado, assim como os “principais cientistas nucleares iranianos”. Para ele, o programa nuclear iraniano era “um perigo claro e presente para a própria sobrevivência de Israel”, e seu país está em um “momento decisivo” da História.
Imagens da TV iraniana mostram imagens de várias explosões em Teerã, Esfahã, Arak e Kermanshah — cidades que abrigam parte do complexo industrial-militar iraniano — e fontes do governo israelense, ouvidas pelo jornal Haaretz, afirmam que instalações ligadas ao programa de mísseis balísticos também foram atingidas.
Na justificativa, os militares israelenses afirmam que o Irã acumulou urânio suficiente para construir “várias bombas atômicas” em questão de dias, e que agiu contra uma “ameaça iminente”.
De acordo com a rede americana CNN, os EUA não participaram ou forneceram apoio para a ação israelense, e o governo do presidente Donald Trump está realizando uma reunião de Gabinete para avaliar os ataques.
Não está claro se Netanyahu, informou Trump com antecedência sobre a ação, como teria prometido, de acordo com integrantes do governo americano, tampouco se os EUA participarão da estratégia de defesa contra eventuais ataques iranianos, como aconteceu nos confrontos do ano passado, quando centenas de mísseis iranianos foram lançados contra Israel.
Negociações sobre programa nuclear
O ataque acontece um dia após os Estados Unidos emitirem alertas ao seu corpo diplomático em países como Iraque, Bahrein e Kuwait orientando-os a deixar o Oriente Médio. Questionado sobre um possível ataque nesta quinta-feira, Trump disse que uma ação israelense contra o Irã “poderia muito bem acontecer”, e trazia consigo os riscos de um “conflito em grande escala” no Oriente Médio.
As tensões se intensificam justamente na semana de reuniões do conselho de governadores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), sediado em Viena. Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha apresentaram uma resolução que censura o Irã por avançar rapidamente com seu programa nuclear e violar compromissos assumidos no acordo de 2015, firmado também com China e Rússia. Pelo acordo, negociado pelo governo de Barack Obama, o Irã renunciava a seu programa nuclear em troca do levantamento de sanções internacionais. Trump, no entanto, retirou os EUA do pacto unilateralmente em 2018, medida que Teerã alega ter-lhe dado liberdade para abandonar as restrições ao seu programa atômico.
O conselho declarou nesta quinta-feira que o Irã violou suas obrigações de não proliferação proliferação pela primeira vez em quase 20 anos — e anunciou contramedidas. A declaração foi feita enquanto um funcionário iraniano disse à agência Reuters que um “país amigo” o havia alertado sobre um possível ataque israelense.
Uma nova rodada de negociações sobre o programa nuclear iraniano envolvendo representantes de Washington e Teerã está (ou estava) prevista para domingo, em Omã. Também nesta quinta-feira, Trump disse que estava “bem perto de um acordo”, mas que um eventual ataque israelense “poderia ajudar, mas também poderia prejudicar” os esforços.
Reação iraniana
Antes mesmo do ataque, autoridades militares e do governo iraniano já haviam se reunido para discutir uma possível resposta a um ataque israelense, segundo uma fonte iraniana ouvida pelo New York Times. De acordo com ela, Teerã elaborou um plano que prevê uma contraofensiva imediata, com o lançamento de centenas de mísseis balísticos contra Israel. Em 2024, uma ofensiva semelhante, ligada à guerra em Gaza, causou danos limitados ao Estado judeu, em parte devido à assistência dos EUA na interceptação dos mísseis.
O alarme também foi anunciado publicamente pelo Irã. Em pronunciamento na quarta-feira, o ministro da Defesa iraniano, general Aziz Nasirzadeh, afirmou que, caso as conversas com os EUA fracassem e um conflito militar seja imposto ao país, Teerã atacará diretamente bases americanas instaladas em nações vizinhas.
“Alguns representantes do outro lado ameaçam com conflito caso as negociações não tenham sucesso. Se o conflito nos for imposto, as baixas do inimigo certamente serão maiores que as nossas, e nesse caso os EUA terão de deixar a região. Todas as bases dos EUA estão ao nosso alcance e as atacaremos sem hesitação nos países anfitriões”, disse Nasirzadeh.