'Hordas de famintos' invadem armazém de agência da ONU em Gaza em busca de comida

29 de maio de 2025 às 10:46
Mundo

Milhares de palestinos invadem armazém de agência da ONU em Gaza em busca de comida em 28 de maio de 2025. — Foto: Imagem obtida pela Reuters

g1

Milhares de palestinos, descritos como "hordas de famintos", saquearam durante a noite de quarta-feira um armazém na Faixa de Gaza do Programa Mundial de Alimentos (PMA), informou a agência da ONU nesta quinta-feira (29). Segundo a agência, há suspeita de duas mortes e diversos feridos no tumulto.

"Hordas de pessoas famintas invadiram o armazém Al-Ghafari do PMA em Deir al-Balah, no centro de Gaza, em busca de suprimentos de alimentos que estavam pré-posicionados para distribuição", afirmou o PMA em um comunicado, no qual exige um "acesso humanitário seguro e sem obstáculos".

A situação humanitária em Gaza é crítica após 18 meses de guerra no território e um bloqueio total de ajuda internacional durante cerca de 11 semanas promovido por Israel. O bloqueio foi suspenso parcialmente na semana passada, com entregas de suprimentos de companhia americana sob tutela dos israelenses.

O PMA disse ainda que tenta confirmar informações de que duas pessoas morreram e várias ficaram feridas no tumulto durante o saque.

Testemunhas da invasão relataram a agências de notícias que a multidão não deixou nada no armazém: retirou sacos e caixas de comidas e suprimentos, paletes de madeira e outros objetos. Tiros foram ouvidos em alguns momentos no tumulto. Ainda não se sabe como as pessoas morreram ou se feriram no incidente.

"Não paramos de alertar sobre a deterioração da situação (...) e os riscos da limitação da ajuda humanitária a pessoas já famintas com uma necessidade desesperada de assistência", acrescenta o comunicado da agência da ONU.

Em meio ao agravamento da situação humanitária em Gaza, o mundo tem aumentado a pressão e as críticas sobre o tratamento de Israel aos palestinos na guerra que trava contra o grupo terrorista Hamas. Nesta semana, o embaixador da Palestina na ONU chorou durante sessão do Conselho de Segurança do organismo multilateral.

Israel suspendeu parcialmente na semana passada o bloqueio total do acesso de ajuda a Gaza imposto desde 2 de março, oficialmente para forçar o Hamas a libertar os últimos reféns. Desde então, os israelenses afirmam terem permitido a entrada de centenas de caminhões com suprimentos.

Fundação polêmica

Na terça-feira, 47 pessoas ficaram feridas durante uma distribuição caótica de ajuda em um centro da Fundação Humanitária de Gaza (GHF), uma nova organização criada com apoio de Israel e dos Estados Unidos e criticada pela ONU.

"Destruíram todas as caixas de ajuda e cada um pegou o que quis", disse Qasim Shaluf, morador de Gaza, que conseguiu levar "cinco sacos de grão-de-bico e cinco quilos de arroz".

O Exército israelense reconheceu que seus soldados deram "tiros de advertência para o alto" perto do centro da GHF, mas "em nenhum caso na direção das pessoas". A GHF também negou disparos contra a multidão.

O embaixador israelense na ONU, Danny Danon, declarou ao Conselho de Segurança que o Hamas era responsável pelo caos por, supostamente, tentar "bloquear" o acesso ao centro de distribuição com barricadas.

Ele também acusou a ONU de unir-se ao Hamas "para tentar bloquear a ajuda" e de usar "ameaças, intimidação e represálias contra as ONGs" que trabalham com a GHF.

O porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, reiterou na quarta-feira sua rejeição a trabalhar com a fundação, cujas operações "não respeitam nossos princípios humanitários".

Dujarric também denunciou as dificuldades na coleta e distribuição de ajuda humanitária por parte de Israel. Dos 800 caminhões de ajuda aprovados por Israel, menos de 500 chegaram ao lado palestino e apenas 200 foram recebidos pela ONU e seus parceiros, segundo o porta-voz.

"Se passaram 600 dias e nada mudou. A morte continua e os bombardeios israelenses não cessam", declarou Bassam Dalul, um habitante de Gaza de 40 anos.

Morte do líder do Hamas

Na frente militar, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou na quarta-feira que o Exército matou Mohamed Sinwar, considerado o líder do Hamas em Gaza.

Segundo a imprensa israelense, Sinwar foi vítima de um ataque israelense no dia 13 de maio em Khan Yunis, no sul do território.

Desde meados de maio, Israel intensificou sua ofensiva militar em Gaza com o objetivo declarado de acabar com o Hamas, resgatar os reféns e conquistar o território.

A estratégia preocupa as famílias dos reféns, que temem pelo futuro de seus entes queridos. Na noite de quarta-feira, milhares de pessoas protestaram em Tel Aviv para exigir um acordo de cessar-fogo com o Hamas que facilite o retorno dos sequestrados.

O grupo terrorista desencadeou a guerra com o ataque de 7 de outubro de 2023, quando 1.218 pessoas foram assassinadas e 251 foram sequestradas. Destas, 57 continuam em Gaza, mas 34 foram declaradas mortas, segundo as autoridades israelenses.

A ofensiva israelense em Gaza matou mais de 54 mil palestinos —em sua maioria civis, mulheres e crianças—, segundo dados do Ministério da Saúde do território, estatísticas consideradas confiáveis pela ONU.

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