'Hordas de famintos' invadem armazém de agência da ONU em Gaza em busca de comida
g1
Milhares de palestinos, descritos como "hordas de famintos", saquearam durante a noite de quarta-feira um armazém na Faixa de Gaza do Programa Mundial de Alimentos (PMA), informou a agência da ONU nesta quinta-feira (29). Segundo a agência, há suspeita de duas mortes e diversos feridos no tumulto.
"Hordas de pessoas famintas invadiram o armazém Al-Ghafari do PMA em Deir al-Balah, no centro de Gaza, em busca de suprimentos de alimentos que estavam pré-posicionados para distribuição", afirmou o PMA em um comunicado, no qual exige um "acesso humanitário seguro e sem obstáculos".
A situação humanitária em Gaza é crítica após 18 meses de guerra no território e um bloqueio total de ajuda internacional durante cerca de 11 semanas promovido por Israel. O bloqueio foi suspenso parcialmente na semana passada, com entregas de suprimentos de companhia americana sob tutela dos israelenses.
O PMA disse ainda que tenta confirmar informações de que duas pessoas morreram e várias ficaram feridas no tumulto durante o saque.
Testemunhas da invasão relataram a agências de notícias que a multidão não deixou nada no armazém: retirou sacos e caixas de comidas e suprimentos, paletes de madeira e outros objetos. Tiros foram ouvidos em alguns momentos no tumulto. Ainda não se sabe como as pessoas morreram ou se feriram no incidente.
"Não paramos de alertar sobre a deterioração da situação (...) e os riscos da limitação da ajuda humanitária a pessoas já famintas com uma necessidade desesperada de assistência", acrescenta o comunicado da agência da ONU.
Em meio ao agravamento da situação humanitária em Gaza, o mundo tem aumentado a pressão e as críticas sobre o tratamento de Israel aos palestinos na guerra que trava contra o grupo terrorista Hamas. Nesta semana, o embaixador da Palestina na ONU chorou durante sessão do Conselho de Segurança do organismo multilateral.
Fundação polêmica
Na terça-feira, 47 pessoas ficaram feridas durante uma distribuição caótica de ajuda em um centro da Fundação Humanitária de Gaza (GHF), uma nova organização criada com apoio de Israel e dos Estados Unidos e criticada pela ONU.
"Destruíram todas as caixas de ajuda e cada um pegou o que quis", disse Qasim Shaluf, morador de Gaza, que conseguiu levar "cinco sacos de grão-de-bico e cinco quilos de arroz".
O Exército israelense reconheceu que seus soldados deram "tiros de advertência para o alto" perto do centro da GHF, mas "em nenhum caso na direção das pessoas". A GHF também negou disparos contra a multidão.
O porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, reiterou na quarta-feira sua rejeição a trabalhar com a fundação, cujas operações "não respeitam nossos princípios humanitários".
"Se passaram 600 dias e nada mudou. A morte continua e os bombardeios israelenses não cessam", declarou Bassam Dalul, um habitante de Gaza de 40 anos.
Segundo a imprensa israelense, Sinwar foi vítima de um ataque israelense no dia 13 de maio em Khan Yunis, no sul do território.
A estratégia preocupa as famílias dos reféns, que temem pelo futuro de seus entes queridos. Na noite de quarta-feira, milhares de pessoas protestaram em Tel Aviv para exigir um acordo de cessar-fogo com o Hamas que facilite o retorno dos sequestrados.
O grupo terrorista desencadeou a guerra com o ataque de 7 de outubro de 2023, quando 1.218 pessoas foram assassinadas e 251 foram sequestradas. Destas, 57 continuam em Gaza, mas 34 foram declaradas mortas, segundo as autoridades israelenses.
A ofensiva israelense em Gaza matou mais de 54 mil palestinos —em sua maioria civis, mulheres e crianças—, segundo dados do Ministério da Saúde do território, estatísticas consideradas confiáveis pela ONU.