Proposta busca classificar vício em redes sociais como transtorno mental em adolescentes
Redação com O Globo
Uma proposta apresentada por cientistas americanos quer oficializar o vício em redes sociais como um novo tipo de transtorno mental, especialmente entre adolescentes. O tema ganhou destaque após publicação na revista científica JAMA, que sugeriu critérios clínicos para diagnosticar o uso excessivo dessas plataformas como uma condição médica.
Baseado em um estudo da Universidade de Stony Brook, o artigo propõe uma escala de avaliação semelhante à usada para o alcoolismo, levando em conta o tempo de exposição às redes e os impactos na vida escolar, social e familiar dos jovens. Os autores, Lauren Hale e Dimitri Christakis, defendem que a classificação é urgente, diante do alto número de adolescentes afetados por hábitos compulsivos de uso da internet — mais de 6 milhões só nos Estados Unidos.
A proposta considera também a possibilidade de inclusão da condição no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) e na Classificação Internacional de Doenças (CID), o que facilitaria o acesso a tratamentos e políticas públicas de saúde. Contudo, há divergências na comunidade científica. O psiquiatra Luis Augusto Rohde, da UFRGS, alerta para o risco de criar diagnósticos excessivamente específicos e defende que o problema pode ser uma manifestação de transtornos mais amplos, como o de controle de impulsos.
A discussão também envolve fatores como o conteúdo consumido, que pode agravar quadros de ansiedade e depressão. Especialistas recomendam atenção redobrada dos pais, com supervisão, limites de uso e incentivo a atividades fora das telas. Para crianças menores, órgãos como a OMS e a Sociedade Brasileira de Pediatria já estabelecem diretrizes sobre o tempo e a forma de uso dos dispositivos.