Cardeal que se ofereceu como refém é cotado para ser papa
Considerado a principal liderança católica do Oriente Médio, o cardeal italiano Pierbattista Pizzaballa, que se ofereceu como refém em troca da libertação de crianças israelenses sequestradas pelo Hamas, é um dos nomes cotados para ser o sucessor do papa Francisco.
Aos 60 anos, o patriarca latino de Jerusalém é responsável por supervisionar as atividades católicas na Terra Santa, que engloba Israel e os territórios palestinos, e é frequentemente elogiado pelo trabalho em prol do diálogo inter-religioso entre cristãos, judeus e muçulmanos.
Nascido no dia 21 de abril de 1965, em Cologno al Serio, na província de Bergamo, norte da Itália, o franciscano foi criado cardeal pelo finado pontífice argentino em 2023.
Suas origens camponesas, muito semelhantes às de outro papa de Bergamo, Angelo Roncalli (João XXIII), foram essenciais para moldar sua trajetória como religioso na Terra Santa.
O italiano ingressou no seminário em Rimini aos 11 anos e completou seus estudos em Ferrara, onde entrou na Ordem dos Frades Menores (fundada por São Francisco e Assis), em 1984. Pizzaballa foi ordenado sacerdote pelo então cardeal arcebispo de Bolonha, Giacomo Biffi, em 1990.
Depois de conduzir seus estudos filosóficos e teológicos, ele, que fala italiano, hebraico, árabe e inglês, entrou formalmente para o serviço da Custódia de Jerusalém. Além disso, serviu como vigário-geral do então patriarca latino, Michel Sabbah, e foi superior do mosteiro dos Santos Simeão e Ana, em Jerusalém, onde os residentes falam em hebraico.
Pizzaballa tem uma relação de longa data com o Oriente Médio, região atormentada por conflitos e dilacerada pelo ódio religioso, tendo ido a Jerusalém pela primeira vez há mais de 30 anos.

Conta a favor dele no conclave a formação franciscana, o que daria continuidade ao "espírito de Assis" também perseguido por Jorge Bergoglio. Um eventual pontificado de Pizzaballa também seria um forte sinal político em meio à guerra entre Israel e Hamas, condenada repetidamente pelo cardeal, que também já se expressou contra a ocupação israelense na Palestina e os ataques a civis em Gaza.
No início do conflito, o patriarca latino de Jerusalém disse estar disposto a ser feito refém no lugar de crianças israelenses sequestradas pelo Hamas nos atentados de 7 de outubro de 2023. "Estou pronto para uma troca, qualquer coisa, se isso puder levar essas crianças para casa. Não tem problema.
"Há total disposição da minha parte", disse ele na ocasião.