Basílica de São Pedro reabre para o 2º dia de velório do papa Francisco
UOL
A Basílica de São Pedro, local onde acontece o velório do papa Francisco, foi reaberta, por volta das 2h de hoje, para visitação do público. Este é o segundo dia da cerimônia de despedida do pontífice, que se encerra amanhã. O funeral de Francisco será neste sábado.
Ontem, uma multidão se aglomerou em silêncio na praça São Pedro para testemunhar a passagem do caixão com o corpo do papa Francisco. Uma procissão, apenas ao som solene de um sino, saiu da Casa Santa Marta em direção à Basílica de São Pedro. Ali, após enfrentarem horas de fila, milhares de fiéis passaram para o adeus ao papa. Dentro da basílica, também reinou o silêncio durante a passagem das pessoas diante do caixão.
O que aconteceu
O primeiro dia de cerimônia começou às 9h (4h no Brasil), quando o sino tocou e a multidão se calou. O som grave ressoou como uma marcha fúnebre ao longo do percurso. Às 11h (6h no Brasil), os primeiros da fila entraram na basílica.
Ao menos 20 mil fiéis estiveram no local. As longas filas levaram o Vaticano a estender o horário de visitação em cerca de duas horas.
Fora da basílica, a espera durava mais de quatro horas. Dentro, envolvidas por silêncio absoluto, pessoas de todo o mundo aguardavam ainda mais. Lágrimas escorriam no rosto dos fiéis e os olhos se fechavam em oração quando, enfim, chegavam em frente ao caixão.
Com os celulares, boa parte dos fiéis fazia videochamadas para familiares e amigos, tiravam fotos e vídeos. Alguns preferiam apenas olhar e guardar na memória um momento único.
"Sabia que a jornada seria longa". Luisa, 65, contou que sentiu que deveria estar na basílica no primeiro dia do velório. "Precisava estar aqui. Além de dar adeus ao papa, tomei coragem para dizer adeus à minha mãe, que faleceu há poucos meses", disse a italiana ao UOL.

Freira amiga do papa quebrou rigoroso protocolo. Chorando, a irmã Geneviève Jeanningros, 82, se aproximou do caixão para rezar, mas não foi contida pela segurança. De acordo com o protocolo, neste primeiro momento, apenas cardeais, bispos e funcionários do Vaticano poderiam se despedir do papa.
Cenário não era apenas de devoção, mas também de oportunidade — espiritual para uns, financeiro para outros. O comércio de artigos religiosos espera ver as vendas aumentarem nos próximos dias. Em uma das lojas, o artigo mais vendido era um santinho com a imagem de Francisco no dia de sua eleição em 2013, geralmente comprado junto a um rosário. Na internet, a especulação já começou: ao UOL, um comerciante disse ter encontrado uma moeda comemorativa do papa por 500 euros.
Caixão será fechado amanhã; enterro acontece no sábado
Previsão do Vaticano é fechar o caixão amanhã às 15h (10h no Brasil). O rito de fechamento será presidido pelo cardeal Kevin Joseph Farrell.
Funeral começa depois de amanhã às 10h, no horário local de Roma (5h em Brasília). O cardeal italiano Giovanni Battista celebra a missa de corpo presente, uma cerimônia de despedida.

Papa está com um rosário nas mãos e vestido com a casula vermelha, o pálio e a mitra branca na cabeça. Caixão foi preparado na capela da residência Santa Marta, onde ele vivia, na tarde de segunda-feira após cerimônia de certificação de morte presidida pelo camerlengo. A colocação do corpo no local foi um pedido do próprio papa em vida. Desde sua eleição em 2013, Francisco optou por viver ali, rejeitando residir no Palácio Apostólico.
Papa escolheu um caixão simples de madeira revestido de zinco. Pela tradição, o chefe da Igreja é enterrado em três caixões interligados feitos de cipreste, chumbo e carvalho.
Ele também optou por ser enterrado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma. A igreja foi o primeiro lugar que Jorge Mario Bergoglio foi após se tornar papa e que procurou durante a pandemia de covid-19. Ele disse mais de uma vez que se sentia "engaiolado" no Vaticano.
Pontificado de Francisco durou 12 anos. Ele foi eleito em 13 de março de 2013, após a renúncia de Bento XVI, e entrou para a história como o primeiro papa latino-americano. Aos 88 anos, encerrou sua trajetória como um dos líderes mais carismáticos da Igreja nas últimas décadas. Em um de seus últimos escritos, ele declarou: "A morte não é o fim de tudo, mas um novo começo."
Francisco morreu por AVC e insuficiência cardíaca aos 88 anos na última segunda-feira. Neste ano, o pontífice também teve uma infecção que resultou em um quadro respiratório grave.