Gilmar Mendes se diz 'muito orgulhoso' do desmanche da Lava Jato

13 de abril de 2025 às 08:25
POLÊMICA

Foto: reprodução

Por redação com O Antagonista 

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou no sábado, 12, que se orgulha de ter participado do processo de desmonte da Operação Lava Jato, classificada por ele como uma “organização criminosa”. 

A declaração foi feita durante a Brazil Conference, evento promovido por estudantes brasileiros de Harvard e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em Boston, nos Estados Unidos.

“Fico muito orgulhoso de ter participado desse processo que você chamou de desmanche da Lava Jato, porque era uma organização criminosa. O que eles organizaram em Curitiba, lamentavelmente, era uma organização criminosa”, disse o ministro, em conversa com o público.

Gilmar disse ter desconfiado da força-tarefa antes da divulgação das mensagens vazadas na chamada Vaza Jato.

“Tudo aquilo que se revelou na chamada ‘Vaza Jato’, e depois na Operação Spoofing, parece que eu já sabia”, afirmou o ministro.

Durante o evento, Gilmar também comentou as suspeições levantadas em relação ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito sobre os atos de 8 de janeiro de 2023. 

Questionado se a mesma lógica aplicada à Lava Jato poderia ser estendida ao caso, ele rejeitou a comparação.

“Ele foi feito relator. E por causa disso foi sendo agredido. Seria muito fácil para um investigado afastar um juiz a partir da afirmação de impropérios. É disso que se cuida”, afirmou.

“Não há justificativa para ele ser afastado, uma vez que ele já era relator desses inquéritos e depois dos inquéritos que se agregaram. Então não, não se pode falar disso. Ele não é suspeito, não está impedido, não está julgando no seu interesse. Não se pode nem de longe comparar Alexandre com Moro. Moro de fato se associa a Bolsonaro. Antes mesmo das eleições, ele já tem conversas com Bolsonaro. E aceita ser ministro da Justiça.”

Gilmar também disse ter ouvido do próprio Jair Bolsonaro que o ex-presidente considerava um erro ter nomeado Sergio Moro como ministro da Justiça. Segundo o decano do STF, ele respondeu com ironia e disse que o grande mérito foi tirar Moro de Curitiba e devolvê-lo “ao nada”.

O ministro voltou a criticar a iniciativa da “Fundação Dallagnol”, proposta pelo então procurador da República Deltan Dallagnol para financiar eventos sobre combate à corrupção. Ele comparou os diálogos revelados entre integrantes do Ministério Público Federal e juízes federais a conversas de integrantes do crime organizado.

“O que a gente escuta, falando como eles iriam destruir a vida empresarial do empresário A, B ou C, a gente pensa que é uma conversa do PCC.”

Ainda durante sua participação na Brazil Conference, Gilmar negou que haja ativismo judicial por parte do STF. 

“Se houve ativismo, isso decorre da Constituição, do nosso modelo constitucional, e isso decorre, a meu ver, para o bem.”

Moro rebate Gilmar

O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) rebateu as críticas feitas por Gilmar Mendes. Em resposta às declarações do decano do STF em Harvard, Moro disse ao Estadão: 

“Gilmar Mendes deveria primeiro explicar as relações dele com a CBF. Ele foi perguntado a respeito pelos presentes?”

O questionamento faz referência a ligações entre Gilmar Mendes e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), reveladas em reportagem da revista piauí. Em janeiro de 2024, o ministro concedeu liminar que devolveu Ednaldo Rodrigues à presidência da entidade, após sua eleição ter sido anulada pela Justiça do Rio por irregularidades.

A decisão de Gilmar beneficiou a CBF, que, em agosto de 2023, firmou um contrato com o Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), fundado pelo ministro e dirigido por seu filho, Francisco Schertel Mendes. A parceria garante ao IDP a gestão da CBF Academy, braço educacional da confederação, com direito a 84% da receita dos cursos.

A atuação do ministro também coincidiu com a contratação, pela CBF, do advogado Pedro Trengrouse, que recebeu R$ 6,5 milhões para atuar na recondução de Ednaldo. Trengrouse passou a atuar em Brasília duas semanas após o pagamento.

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