Essa garantia de apoiar as ambições do Brasil foi a moeda de troca que o Itamaraty estabeleceu: aceitaria a entrada de novos membros, com a condição de que todos assinassem a reivindicação brasileira por uma vaga permanente.
Naquele momento, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã passaram a fazer parte do bloco, além dos sauditas que ainda avaliam a adesão.
Mas, em Nova York, Egito e Etiópia rejeitaram apoiar o documento da reunião que, mais uma vez, citava as aspirações do Brasil e de seus aliados para a entrada no Conselho. Os dois novos países do Brics alegaram que não tinham autorização para assinar um documento que indicava o nome da África do Sul como candidata à vaga no Conselho.
Entre os africanos, existe uma acirrada disputa sobre quem seriam os representantes do continente em uma eventual reforma do Conselho de Segurança. A União Africana, por exemplo, apenas fala da necessidade de que o novo Conselho tenha dois membros permanentes da África e mais dois assentos para não-permanentes.
O Brasil, ao lado da Índia, argumentou que esses eram os critérios para a adesão ao bloco e que, portanto, esses novos países não poderiam, agora, se dissociar ou rejeitar esse trecho do texto.
Segundo diplomatas, o primeiro mal-estar dentro do bloco começou há poucas semanas quando, numa reunião na Rússia, as referências explícitas ao Brasil, Índia e África do Sul foram substituídas por "países do Brics" como aspirantes às vagas no Conselho. A retirada do nome do Brasil gerou insatisfação dentro do Itamaraty.