Biden diz que discute com Israel possíveis ataques contra instalações petrolíferas no Irã

04 de outubro de 2024 às 08:10
Mundo

Foto: Saul Loeb / AFP

O Globo

Biden foi perguntado pelos repórteres sobre se os EUA apoiariam um ataque às instalações petrolíferas do Irã antes de partir para a Flórida e a Geórgia para ver os danos causados ​​pelo furacão Helene no Sudeste dos EUA.

— Estamos discutindo isso. Acho que seria um pouco... de qualquer forma — disse aos repórteres em entrevista coletiva, sem concluir a frase.

Quando lhe perguntaram se ele "permitiria" que Israel retaliasse o Irã, Biden foi enfático:

— Primeiro, não "permitimos" Israel. Aconselhamos Israel. E não vai acontecer nada hoje — respondeu.

O presidente não quis elaborar sobre as sanções que os EUA estão considerando contra o Irã.

Os comentários de Biden rapidamente fizeram os preços do petróleo dispararem, uma vez que o Oriente Médio responde por cerca de um terço do suprimento global do combustível. Um grande ataque de Israel à capacidade de exportação do Irã poderia retirar do mercado 1,5 milhão de barris por dia, segundo analistas do Citigroup consultados pela Bloomberg. Se Israel atingir infraestruturas menores, 300 mil a 450 mil barris por dia de produção poderiam ser perdidos, disseram.

Ministros dos países árabes do Golfo (Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Arábia Saudita, Omã, Catar e Kuwait) e do Irã participaram de uma reunião no Catar nesta semana, reportou a Reuters, com a desescalada das tensões sendo a principal pauta das discussões. Embora o Irã não tenha ameaçado atacar instalações de petróleo no Golfo, alertou que os interesses dos "apoiadores de Israel" na região seriam alvo caso interviessem diretamente.

Ainda nesta quinta-feira, a missão do Irã nas Nações Unidas informou que o governo iraniano alertou os EUA de que retaliaria caso Israel respondesse ao ataque de terça-feira. As mensagens entre Teerã e Washington foram trocadas através da embaixada suíça em Teerã. "Nossa resposta será unicamente dirigida ao agressor", afirmou a missão. "Se qualquer país prestar assistência ao agressor, também será considerado cúmplice e um alvo legítimo."

Por sua vez, o embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, afirmou que a retaliação aos ataques do Irã acontecerá "em breve" e será "muito forte e duradoura". A declaração foi feita à CNN após a participação de Danon em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU na quarta-feira, onde representantes de Israel e do Irã trocaram ameaças. O premier israelense, Benjamin Netanyahu, disse logo após o ataque de terça-feira que o Irã "cometeu um erro" e que o país "pagará um preço alto".

Instalações nucleares

Na quarta-feira, Biden participou de uma reunião com os demais líderes do G7, formado por sete das mais desenvolvidas economias do planeta. Além da condenação aos ataques iranianos, o grupo discutiu como "coordenar uma resposta" ao ataque, incluindo novas sanções.

— A resposta é não — disse Biden a jornalistas quando questionado se apoiaria um ataque às instalações nucleares iranianas. — Os sete [do G7] concordamos que eles [os israelenses] têm o direito de responder, mas devem fazê-lo de maneira proporcional.

Também na véspera, falando a jornalistas, antes de embarcar na Base Aérea de Andrews, nos arredores de Washington, Biden afirmou que deve conversar com o premier israelense, Benjamin Netanyahu, "relativamente em breve" — a última conversa entre os dois ocorreu no dia 21 de agosto, já em meio a relações cada vez mais tensas entre Netanyahu e o presidente americano. Contudo, Biden afirmou que assessores e integrantes de seu governo estão em contato permanente com Israel e que "vão discutir o que eles [israelenses] farão".

Muito antes de os mísseis iranianos cruzarem os céus de Israel, Netanyahu via instalações nucleares, como a central de Natanz ou a usina de enriquecimento de combustível nuclear de Fordo, como alvos preferenciais de um hipotético ataque ao Irã. Para as lideranças israelenses, esses locais são pontos centrais de um suposto programa para o desenvolvimento de armas nucleares, o que o Irã nega.