Noiva, irmãs e pais são mortos em casa: o impacto dos ataques israelenses no Líbano

26 de setembro de 2024 às 10:15
Mundo

Foto: Reprodução

g1

Antes do casamento da engenheira libanesa Maya Gharib, de 23 anos, planejado para outubro, parentes animados estavam organizando a retirada do vestido. Porém, na segunda-feira (23), Maya, as duas irmãs e os pais foram mortos em um ataque israelense na casa da família no subúrbio da cidade de Tiro, na costa do Mar Mediterrâneo.

A informação foi confirmada à agência Reuters por Reda Gharib, o único membro sobrevivente da família. Uma captura de tela mostra uma mensagem enviada por um parente à loja de vestidos após a morte da família Gharib: "A noiva foi assassinada".

"Eles estavam apenas sentados em casa, e então a casa foi atingida", contou por telefone Reda Gharib, que se mudou para o Senegal no ano passado para trabalhar.

Israel afirma que os ataques de segunda-feira tinham como alvo locais com armas do grupo extremista Hezbollah. O Ministério da Saúde do Líbano informou que os ataques deixaram mais de 550 pessoas mortas, entre elas ao menos 50 crianças e 98 mulheres. Este foi o dia mais sangrento no Líbano desde o fim da Guerra Civil, entre os anos de 1975 e 1990, segundo a agência.

A família Gharib foi enterrada em um funeral apressado no dia seguinte ao bombardeio, com poucas pessoas presentes devido ao perigo dos ataques. Reda não conseguiu viajar para o Líbano, pois a maioria dos voos foi cancelada devido aos ataques israelenses e aos bombardeios do Hezbollah.

O pai dele era um veterano aposentado do exército do Líbano, uma força multi-religiosa financiada pelos Estados Unidos (EUA) e outros países, amplamente vista como uma fonte de unidade no Líbano. As três irmãs que perdeu estavam na casa dos 20 anos.

"Somos uma família nacionalista sem filiação partidária, embora, claro, apoiemos todos que resistem à agressão," disse Reda Gharib, observando que nenhum membro da família era do Hezbollah.

No entanto, ele afirma que agora, tendo perdido sua família, que deseja que o Hezbollah continue lutando contra Israel "até a vitória" e não aceite negociações.

Reda Gharib, o único membro sobrevivente da família Gharib, tirando uma selfie com o espelho com seus familiares que foram mortos em um ataque israelense no Líbano — Foto: Família Gharib/via Reuters

'Ataques indiscriminados'

O Hezbollah começou a disparar foguetes contra Israel em 8 de outubro do ano passado, no dia seguinte ao ataque do grupo terrorista Hamas ao Sul de Israel, declarando uma "frente de apoio" aos palestinos.

Os confrontos se intensificaram acentuadamente desde a semana passada, com centenas de mortos e milhares de feridos no Líbano, enquanto Israel realiza uma campanha aérea que resultou em ataques em diversas regiões libanesas.