'Sou um estuprador': Marido que dopava mulher e recrutava estranhos para abusarem dela admite crimes

18 de setembro de 2024 às 10:51
Mundo

Gisèle Pelicot deixa tribunal de Avignon, onde marido é julgado por dopá-la para estupros — Foto: Christophe SIMON / AFP

O Globo

— Sou um estuprador, como todos os outros nesta sala. Todos sabiam disso, não podem dizer o contrário — disse Pelicot, referindo-se aos 50 corréus no julgamento.

Pelicot, de 71 anos, é acusado de drogar a ex-mulher para que dezenas de estranhos, recrutados on-line, abusassem dela entre 2011 e 2020.

Esta é a primeira declaração de Pelicot em tribunal desde o início do julgamento, em 2 de setembro, e o seu depoimento é crucial para a análise do caso dos outros 50 réus, com idades entre 26 e 74 anos, que podem pegar até 20 anos de prisão.

Alguns réus alegam que não sabiam que Pelicot dava remédios para dormir à mulher e alegam que pensavam que se tratava de um casal libertino, algo que a vítima negou em seu primeiro depoimento no tribunal.

Gisèle Pelicot "não merecia isso", disse o principal réu no julgamento.

— Peço desculpas, embora isso não seja aceitável — acrescentou.

A presença de Pelicot na Justiça nesta terça-feira causou expectativa após ele ter ficado mais de uma semana afastado do processo por problemas de saúde. O seu primeiro interrogatório estava marcado para terça-feira passada, mas sua ausência obrigou o juiz à frente do tribunal a alterar o cronograma e decretar várias suspensões de sessão.

O julgamento de grande repercussão contra Pelicot tornou-se um símbolo do uso de drogas para o cometimento de agressões sexuais, uma prática conhecida como submissão química, e relançou o debate na França sobre a questão do consentimento.