Mãe e filha que moram no McDonald’s do Leblon são conduzidas à delegacia por proferir ofensas racistas contra duas mulheres
O Globo
Mãe e filha que estão morando há sete meses no McDonald's do Leblon, na Zona Sul do Rio, foram conduzidas por agentes do Segurança Presente, nesta sexta-feira, à 14ª DP (Leblon) porque teriam proferido ofensas racistas, de acordo com o programa de segurança. Segundo testemunhas, a mulher, acompanhada da filha adolescente, entrou no estabelecimento para comprar um lanche e fez fotos das gaúchas sem autorização. Bruna Muratori, de 31 anos, e a mãe, Susana Muratori, de 65, teriam se irritado com a situação e dito falas racistas contra as clientes.
Mãe e filha que moram em McDonald’s do Leblon são conduzidas à delegacia
Por nota, o Segurança Presente informou que uma equipe foi acionada e "todos os envolvidos foram conduzidos para a delegacia". Após a chegada dos agentes, as duas foram encaminhadas para a delegacia.
Durante a ação para conduzir as mulheres, os agentes também apreenderam três malas grandes e uma pequena, que pertencem à Bruna e Susana e estavam no estabelecimento.
Essa não é a primeira vez que mãe e filha se tornam caso de polícia. Em julho, Bruna Muratori, sem revelar o motivo, afirmou em entrevista ao GLOBO que ela e a mãe foram vítimas de três episódios marcantes de agressões verbais nos últimos meses e um deles teria resultado em agressão física.
— Foram alguns episódios. E aconteceu um em que a pessoa conseguiu me agredir fisicamente, me pegou pelo pescoço. Esse foi o mais sério. A polícia civil está investigando porque foi a terceira vez. Passa um tempo e, depois, volta a acontecer algo. São sempre pessoas diferentes. E, pelas atitudes, parece ser sempre o mesmo plano. Houve agressões verbais quando a pessoa veio, inclusive eu nunca tinha visto ela antes. Quem trabalha aqui nunca tinha visto também... Desconfio que alguém mandou fazer. É sempre a mesma atitude, a mesma conversa, a mesma agressividade. As duas pessoas dos episódios anteriores eu também nunca vi — afirmou Bruna na ocasião.
Como o caso ganhou repercussão?
O caso da mãe e da filha que vivem no MC Donald's do Leblon ganhou repercussão há três meses, quando a CBN veiculou a notícia. A história das mulheres que passam o dia na lanchonete, onde fazem todas as refeições, ganhou notoriedade. Em seguida, a recusa do auxílio de moradores e autoridades voltou a chamar atenção.
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Natural de Porto Alegre, Bruna contou ter se mudado com a mãe para a capital fluminense há oito anos, onde já trabalhou como hostess de restaurantes e como professora de inglês. Ela diz ter pedido afastamento do restaurante onde dava expediente quando ficou sem moradia e precisaria ficar com a mãe para cuidar de sua segurança.
Como chegaram ao Rio
Natural de Porto Alegre, Bruna contou me entrevista ao podcast Fala Guerreiro, em maio deste ano, ter se mudado para a capital fluminense há oito anos. Segundo Bruna, no Sul, ela não chegou a fazer faculdade, tinha planos de fazer quando estivesse no Rio.
— Lá (no Rio Grande do Sul), eu era professora de inglês, particular. Me formei muito cedo no colégio, tinha 16 anos. E a única coisa que eu sabia fazer era (falar) inglês. Minha rotina era muito extrema no colégio. E aí, deu certo. Quando vim para o Rio, continuei dando aula particular até me localizar bem. Depois, fui trocando. Pós-pandemia é que comecei a trabalhar em outros lugares — explicou ela na ocasião.
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Bruna relatou ainda que tinha um planejamento de carreira antes de se mudar:
— A gente já conhecia o Rio, então, quando decidimos nos mudar, não era uma coisa diferente. Eu já tinha mais ou menos um planejamento de carreira, de estudo… A gente foi ficando, e aí a vida acontece: você começa a namorar, tem o namorado, tem o estudo, começa um trabalho, e depois começa a focar em carreira.