Kamala inicia Convenção Democrata à frente de Trump pela primeira vez fora da margem de erro, mostra pesquisa Ipsos

19 de agosto de 2024 às 09:36
Mundo

Foto: Reprodução

O Globo

Esta é a segunda boa notícia às vésperas do evento, cujos holofotes costumam provocar o que especialistas chamam de "convention boost", ou seja, um impulso nas pesquisas para o candidato do partido devido à enorme atenção midiática.

No sábado, uma pesquisa New York Times/Universidade Siena mostrou Kamala em vantagem em estados importantes do chamado Cinturão do Sol, localizados ao sul e oeste do país e marcados por rápido crescimento econômico e diversidade étnica. Em estados-pêndulo (sem histórico de preferência partidária) como o Arizona, a democrata saiu na frente para além da margem de erro, que apontava empate técnico, com uma ligeira vantagem também na Carolina do Norte. A vice também encurtou a diferença em Nevada e na Geórgia, onde Trump ainda lidera, mas que, antes da desistência do presidente Joe Biden, aparecia à frente por quase dois dígitos.

No caso da pesquisa Ipsos — que testa apenas o apoio nacional, o que não basta para vencer os colégios eleitorais —, a vantagem de três pontos percentuais ainda está abaixo dos 4,5 pontos que Biden conseguiu sobre Trump no voto popular em 2020, que também se traduziu em uma maioria no campo de batalha pelos estados.

O levantamento ainda indica uma disputa acirrada em novembro, com a vitória sendo determinada pelos sete estados-pêndulos deste ano: Michigan, Pensilvânia, Wisconsin, Carolina do Norte, Geórgia, Arizona e Nevada. Diversas pesquisam apontam que Kamala ganhou terreno na maioria, se não em todos, quando Biden abandonou a corrida eleitoral, mas as variações em muitos casos seguem dentro da margem de erro.

Um dos sinais positivos para Kamala é a empolgação do eleitorado em comparação com o cenário quando Biden era o candidato. Entre os democratas, 62% disseram apoiar Kamala "fortemente". Quando Biden estava na disputa, apenas 34% afirmou o mesmo no mês passado. Tal entusiasmo tem sido visível nos eventos de campanha que a democrata tem feito com seu companheiro de chapa, o governador de Minnesota, Tim Walz, atraindo multidões aos seus comícios — levando Trump a alegar, sem provas, que as imagens das plateias lotadas tinham sido geradas por inteligência artificial.

Na análise considerando um confronto direto com Trump, Kamala também melhorou a posição em relação a Biden entre diversos eleitorados caros aos democratas, como jovens e independentes. Entre os eleitores com menos de 40 anos, ela aparece 25 pontos percentuais na frente — em julho, Biden tinha apenas sete.

Já entre os independentes, ou seja, que não se registraram como eleitores por nenhum partido, ela surge oito pontos à frente do magnata. O último levantamento antes da sua desistência, Biden tinha apenas dois pontos.

Kamala também aparece a frente entre os eleitores negros (83%), contra 79% de Biden em julho. No entanto, os parâmetros se mantiveram entre os eleitores brancos com diploma universitário: assim como Biden, Kamala está 10 pontos a frente de Trump no grupo.

Já entre os eleitores brancos sem diploma de ensino superior, Trump tem uma vantagem de 27 pontos sobre Kamala, levemente menor que os 31 pontos que tinha sobre Biden há um mês. A escolha do vice, Tim Walz, um homem branco comum do interior foi muito em parte levando em conta seu apelo surpreendente neste eleitorado tão caro ao republicano.

Ao comparar as qualidades dos dois, os eleitores consideram que Kamala está melhor que Trump em questões como agilidade mental e saúde física por nove e 30 pontos de vantagem, respectivamente, nestes que são dois aspectos antes favoráveis ao magnata quando Biden estava na competição. Ela também é vista como mais honesta e confiável do que o republicano por 15 pontos percentuais de diferença.

Em uma lista de 11 questões, Kamala é avaliada como mais confiável do que Trump em seis delas. Enquanto Trump é mais confiável em relação à economia, à inflação, à imigração e à guerra entre Israel e Gaza, Kamala lidera nas perguntas sobre questões raciais, aborto, assistência médica, proteção da democracia, nomeações para a Suprema Corte e violência armada.

Um dos calcanhares de Aquiles de Trump, 56% dos americanos consideram que Trump teve ao menos uma boa influência na decisão da Suprema Corte que revogou, em 2022, o direito ao aborto, que tem a oposição de 3 em cada 5 pessoas do país.