Brasil e Estados Unidos escrevem mais um capítulo da rivalidade na semifinal de Paris-2024

08 de agosto de 2024 às 09:24
Olimpíadas 2024

A central Carol, da seleção brasileira — Foto: LUIZA MORAES/COB

O Globo

Em Tóquio-2020, os EUA venceram o Brasil por 3 sets a 0 para conquistar o ouro. Mas, a equipe brasileira venceu os títulos olímpicos de Pequim 2008 e Londres 2012. O Brasil, que ocupa a segunda posição no ranking mundial, venceu o último confronto, na Liga das Nações (VNL). Mas não derrubava as americanas, que estão em quarto no ranking, por cinco anos. Na outra semifinal, a Turquia vai enfrentar a Itália.

— Vai ser um jogo incrível, estamos esperando muito tempo para isso, para avançar a uma final olímpica. Não importa quem é o adversário, calhou de ser os EUA. Temos de olhar para a gente mesmo, o que podemos fazer. É o ouro que a gente quer e para isso precisamos passar por este jogo primeiro — disse a central Carol.

Nos últimos 20 anos, as equipes se equilibraram confronto a confronto e torneio a torneio. Entre Olimpíadas, Mundial, Copa do Mundo e VNL (e o antigo Grand Prix), o Brasil soma 19 vitórias, contra 18 americanas. No mata-mata, cinco vitórias para cada lado, com quatro triunfos em finais para os Estados Unidos e três para o Brasil.

Em Paris-2024, os EUA perderam cinco sets até aqui e o Brasil chega às semifinais como a única equipe que não perdeu nenhum. O técnico do Brasil, José Roberto Guimarães, enalteceu a campanha, mas disse que gostou do que viu quando a seleção sentiu dificuldade em jogo apertado contra a Polônia.

O Brasil quase cedeu um set que vencia por 24 a 19 e o placar chegou a 38 a 36. A história do jogo poderia ter sido outra e esse sentimento mexeu com as atletas que tiveram de se concentrar para buscar o placar.

– A gente sentiu a dificuldade e eu acho que a concentração que o time teve foi muito importante. Tivemos uma quase derrota, a água bateu no bumbum e isso é importante que aconteça. Porque a gente sabe o quanto é difícil. E sabe o momento que a gente está enfrentando. Não podemos esquecer que há 3 semanas e meia, a gente voltou da VNL sem medalha. Isso marcou, foi dolorido. A gente voltou para casa com um sentimento muito ruim... De que faltou, de que a gente precisava dar mais. Então está todo mundo machucado ainda do que aconteceu. Não é porque nós fizemos esses 4 jogos e ganhamos.

José Roberto Guimarães, técnico da seleção brasileira — Foto: Wander Roberto/COB
José Roberto Guimarães, técnico da seleção brasileira — Foto: Wander Roberto/COB

O treinador se refere ao fato de que o Brasil chegou às semifinais da VNL invcto. E perdeu a chnce de ir à final em partida disputadíssima contra o Japão. E depois não conseguiu ganhar da Polônia pelo bronze.

— Os EUA estão sempre entre as melhores equipes do mundo, tem grandes atacantes, ótimas levantadoras, uma boa líbero. Elas erram pouco, é preciso construir os seus pontos. Elas não dão pontos de graça, erram pouco. Precisamos ter cuidado grande com o nosso volume de jogo, ritmo e concentração, principalmente começando com um bom saque. Será im jogo difícil, mas vejo o time bem concentrado e focado — disse Zé Roberto.

Respeito dos dois lados

Karch Kiraly, treinador dos EUA e um dos lendários atletas americanos, disse que o Brasil está jogando muito bem e é liderado “por alguém que está realizando o torneio da sua vida, a Gabi”. A capitã Gabi está na terceira Olimpíada. Na Rio-2016, o Brasil foi eliminado pela China e não avançou à zona de medalha. Em Tóquio, ela foi prata.

— Ela é o coração e a alma do time e está jogando muito, muito bem. Então, teremos que lidar com isso — disse Kiraly, que comentou que a rivalidade entre as equipes se restringe à quadra uma vez que as equipe se dão muito bem.

Karch Kiraly, técnico da seleção dos EUA — Foto: Patricia DE MELO MOREIRA / AFP
Karch Kiraly, técnico da seleção dos EUA — Foto: Patricia DE MELO MOREIRA / AFP

Ele contou que o primeiro time que chamou para uma série de amistosos preparatórios para Paris-2024 foi o Brasil. Como as seleções caíram em grupos separados, o amistoso aconteceu no CT dos EUA, já em Paris.

– Foi muito divertido recebê-los e sentimos que ajudamos uns aos outros na preparação. Tenho muito respeito pelo Zé Roberto, ele é um dos grandes treinadores do planeta – falou Kiraly.

A americana Andrea Drews, destaque dos EUA nas quartas de final contra a Polônia, também elogiou o Brasil:

– Elas estão jogando um belo vôlei no momento. É uma escola pela qual temos muito respeito e estou empolgada com a semifinal.

Drews pregou respeito ao Brasil — Foto: Patricia DE MELO MOREIRA / AFP
Drews pregou respeito ao Brasil — Foto: Patricia DE MELO MOREIRA / AFP

Gabi, destaque do Brasil nas quartas-de-final, quando marcou 20 pontos contra a República Dominicana, disse que “quando a gente joga para cima, com coragem, somos um time diferente”.

— A gente veio para buscar o ouro.