Dezenove meninas de até 14 anos já precisaram do aborto legal em AL

14 de junho de 2024 às 09:45
Alagoas

Foto: Ilustração

Redação

Desde 2007, 19 meninas de até 14 anos precisaram recorrer ao aborto legal em Alagoas, conforme dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). Esse sistema, que registra informações sobre abortos no Brasil desde 2007, classifica os casos em três categorias: abortos espontâneos (quando a gravidez é interrompida involuntariamente antes da 20ª semana), outras gravidezes que terminam em aborto, e abortos por razões médicas, sendo esta última categoria reservada para os casos provocados em hospitais com previsão legal.

A situação em Alagoas reflete uma realidade preocupante. Somente no ano passado, o Disque 100, serviço do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, recebeu 69 denúncias de estupro de menores no estado.

Dados nacionais

Ao se filtrar os dados de abortos por razões médicas para meninas de até 14 anos, o país registra 1.140 casos desde 2007. Entre 2021 e 2023, a média anual de registros nessa faixa etária é de 133 casos.

Historicamente, os estados de São Paulo, Pará e Rio de Janeiro concentram os números mais altos desses abortos. Esses dados evidenciam um problema central abordado pelo Projeto de Lei (PL) 1.904/24, que propõe equiparar o aborto ao homicídio.

Atualmente tramitando em regime de urgência na Câmara dos Deputados, o PL prevê que qualquer aborto realizado após 22 semanas de gestação será considerado crime de homicídio, incluindo casos de gravidez decorrentes de estupro.

Os críticos ao projeto argumentam que a proposta pode impactar negativamente principalmente as crianças vítimas de abuso sexual, que frequentemente demoram mais tempo para identificar a gravidez. A aprovação desse PL poderia restringir o acesso ao aborto legal para essas vítimas, agravando ainda mais a situação de vulnerabilidade dessas meninas.