Anomalia magnética cresce sobre o Brasil; Observatório Nacional explica fenômeno que pode afetar satélites

28 de maio de 2024 às 17:26
Ciência

Representação artística mostra a Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS). — Foto: ESA/Reprodução

g1

O Observatório Nacional (ON), instituto de pesquisa vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), divulgou nota nesta terça-feira (28) sobre a recente atenção dada à Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS) devido ao seu crescimento.

Na publicação, o ON esclarece que embora o termo "anomalia" possa sugerir preocupação, esse crescimento é considerado completamente normal.

A AMAS é caracterizada por uma intensidade mais fraca do campo geomagnético terrestre em comparação com outras regiões do planeta.

Em outras palavras, isso quer dizer que há uma depressão no campo magnético da Terra sobre a América do Sul e o sul do Oceano Atlântico, que pode causar grandes dores de cabeça para satélites, por exemplo.

Aqui vale lembrar que o nosso planeta é cercada por um campo magnético que o protege das partículas solares. Por isso, em áreas como essa anomalia, algumas dessas partículas se aproximam mais da superfície terrestre do que o comum.

“A anomalia está se alterando e movendo para o oeste de forma lenta e gradual. Esse processo é contínuo e não afeta de forma significativa a vida das pessoas na Terra”, diz André Wiermann, tecnologista sênior do Observatório Nacional (ON).

Na publicação, o ON esclarece ainda que embora essa fraqueza possa permitir que partículas do vento solar atinjam mais facilmente a Terra, principalmente afetando satélites, agências como a Nasa, a agência espacial norte-americana, e a ESA, a agência espacial europeia, já monitoram de perto essa irregularidade.

Fora isso, os satélites são preparados para lidar com essa anomalia, entrando em standby quando passam pela região da AMAS para evitar danos.

Mesmo assim, a análise da AMAS é crucial para entender os mecanismos que produzem o campo magnético da Terra e suas mudanças.

E o Brasil, por abranger essa área com poucos dados disponíveis, está em posição privilegiada para desenvolver estudos em geomagnetismo e avaliar a anomalia.

O ON utiliza, inclusive, modernos observatórios para monitorar o campo magnético do nosso planeta, incluindo a AMAS: o Observatório Tatuoca, localizado em uma ilha em Belém, no Pará, e o centenário Observatório Vassouras, situado no interior do Rio de Janeiro.

Além desses, diversas estações magnéticas estão espalhadas pelo país, como a recentemente instalada estação magnética de Macapá.