Papua-Nova Guiné: Cerca de 670 pessoas podem estar soterradas após deslizamento de terra

26 de maio de 2024 às 09:29
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BBC Brasil

Cerca de 670 pessoas foram soterradas por um enorme deslizamento de terra em Papua-Nova Guiné, segundo as Nações Unidas.

O chefe da Organização Internacional para as Migrações na Papua-Nova Guiné, Serhan Aktoprak, disse que o impacto da tragédia que atingiu na sexta-feira (24/5) aldeias na província isolada de Enga foi maior do que se pensava inicialmente.

“Há cerca de 150 casas enterradas”, disse Aktoprak.

Os serviços de emergência estão tentando alcançar todas as áreas afetadas, mas segundo Aktoprak as equipes de resgate estão em risco porque “a terra ainda está deslizando”.

“A água está correndo e isso está criando um risco enorme para todos os envolvidos”, disse ele.

Quase 4.000 pessoas vivem na área onde ocorreu o deslizamento de terra. Mas a agência humanitária Care Australia alertou que o número de afetados “provavelmente será maior” devido ao fluxo de pessoas que fogem de conflitos nas áreas vizinhas.

A instituição acrescentou que outras aldeias também poderão estar em risco “se o deslizamento continuar montanha abaixo”.

Pessoas se reúnem no local de um deslizamento de terra em Maip Mulitaka, na província de Enga, Papua Nova Guiné, em 24 de maio de 2024.
CRÉDITO, GETTY IMAGES

O deslizamento de terra soterrou centenas de casas em Enga por volta das 03h da manhã locais de sexta-feira, 24 (14h de quinta-feira, 23, de Brasília).

O terreno difícil e os danos nas ruas principais estão dificultando os esforços de resgate.

A rodovia principal que dá acesso à região está bloqueada e a área é acessível apenas por helicóptero.

O deslizamento de terra criou detritos de até 8 metros de profundidade, afetando mais de 200 quilômetros quadrados de terra “incluindo 150 metros da rodovia principal que leva à província de Enga”, disse a Care Australia.

Segundo Serhan Aktoprak disse à agência de notícias AP, a área afetada pelo deslizamento de terra equivale a cerca de três a quatro campos de futebol.

Pessoas se reúnem no local de um deslizamento de terra em Maip Mulitaka, na província de Enga, Papua Nova Guiné, em 24 de maio de 2024.
CRÉDITO, GETTY IMAGES

Moradores das áreas vizinhas descreveram como as árvores e os destroços de uma montanha que desabou soterraram partes da comunidade, deixando-a isolada.

Imagens do local mostram moradores retirando corpos de escombros enquanto atravessam a área, coberta por pedras gigantes e árvores arrancadas.

Aktoprak disse que os voluntários estão usando todos os meios necessários para recuperar as vítimas: “As pessoas estão usando paus de escavação, pás e grandes rastelos para remover os corpos enterrados no solo”.

Até a manhã deste domingo (26/5), apenas cinco corpos tinham sido recuperados, além de restos mortais de outras vítimas.

Um morador de uma aldeia próxima disse que quando chegou ao local do deslizamento, “não havia mais casas [de pé]”.

Em declarações à emissora australiana ABC, Dominic Lau disse que tudo estava “simplesmente coberto por terra”.

“Não havia nada, apenas pedras e solo... não havia pessoas e não havia casas para ver”, acrescentou Lau.

O governador de Enga, Peter Ipatas, disse à AFP que "seis aldeias" foram afetadas pelo deslizamento de terra, que descreveu como um "desastre natural sem precedentes".

Enga fica a mais de 600 km da capital do país, Port Moresby.

A Sociedade da Cruz Vermelha da Papua-Nova Guiné disse anteriormente que uma equipe de emergência composta por funcionários do gabinete do governador provincial, polícia, forças de defesa e ONGs locais foi enviada para o local.

O primeiro-ministro James Marape afirmou que o governo central está trabalhando com as autoridades locais para fornecer “trabalho de socorro, recuperação de corpos e reconstrução de infraestrutura”.