Cheia histórica faz o Acre viver nova situação de emergência

03 de março de 2024 às 07:43
Fatores Climáticos

Foto: Júnior Andrade/Rede Amazônica

Poucos meses separam o ápice de uma seca severa e a chegada de enchentes devastadoras no Acre. Para entender as crises sucessivas que levaram emergência para o estado é preciso considerar ao menos três fatores:

  • a influência do El Niño
  • o atraso do "inverno amazônico", como é conhecida a estação chuvosa na região
  • o impacto do aquecimento do Oceano Atlântico

Juntos, os fenômenos climáticos fizeram o Rio Acre mudar completamente de panorama em um intervalo curto no mês de fevereiro. No dia 15, seu nível era de 7,06 metros. Já no dia 22, subiu 5,97 m metros no período de 24 horas em Assis Brasil, cidade por onde entra no país. Atualmente, já chegou aos 17,52 metros na capital, Rio Branco. Esse rio inundou sete cidades.

Em outubro de 2023, o nível das águas do Rio Acre estava tão baixo que era possível ver destroços de naufrágios no leito do curso d'água. A seca extrema que assolou o estado é coerente com uma das ocorrências recentes mais severas do El Niño declarada desde 8 de junho de 2024. O fenômeno é caracterizado pelo aquecimento maior ou igual a 0,5°C das águas do Oceano Pacífico e ocorre a cada dois a sete anos. A duração média é de doze meses, gerando um impacto direto no aumento da temperatura global.

Tradicionalmente, o fenômeno causa secas no Norte e Nordeste do país (chuvas abaixo da média), principalmente nas regiões mais equatoriais; e provoca chuvas excessivas no Sul do país e no sudeste do país.

Atualmente em declínio, ele teve impacto mais direto na diminuição da precipitação em diversos estados amazônicos.

"O que a gente está verificando é que as condições meteorológicas e as massas de ar estão cada vez mais instáveis. Principalmente, quando associadas a grandes eventos. Estamos em ano de El Niño. Toda a faixa oeste da América do Sul está tendo eventos meteorológicos extremos", explica o meteorologista e professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Rafael Coll Delgado.

A desconfiguração da estação chuvosa por conta do El Niño é, justamente, o segundo fator que influencia nas enchentes observadas nas últimas semanas.

Fonte: Portal G1 (www.g1.globo.com)