Rússia alega que regras não foram cumpridas e veta renovação do acordo de grãos
Nesta segunda-feira (17), a Rússia rejeitou prorrogar o Acordo do Corredor de Grãos, que permitia à Ucrânia exportar as sementes de seus portos no Mar Negro desde o ano passado. A justificativa de Moscou é a de que as promessas de liberar seus próprios embarques de alimentos e fertilizantes não foram cumpridas. As informações são da agência Reuters.
O Ministério das Relações Exteriores russo informou a Ucrânia, Turquia e ONU (Organização das Nações Unidas) que a iniciativa, criada com o intuito de evitar uma possível crise alimentar em meio ao conflito entre Moscou e Kiev e mediada por Ancara e pelas Nações Unidas, será cancelada na terça-feira (18).
A decisão resultou na retirada das garantias de segurança para o transporte marítimo, no fim do corredor humanitário marítimo e na dissolução do Centro Conjunto de Coordenação na foz do Mar Negro em Istambul, que foi estabelecido para monitorar a implementação do acordo. Como consequência, o noroeste do Mar Negro será novamente considerado uma área de perigo temporário para o transporte marítimo, alertou o ministério russo.
O acordo previa que a ONU auxiliaria a Rússia em suas exportações de alimentos e fertilizantes. Contudo, o comunicado do governo russo enfatizou que seus requisitos não foram atendidos, como a retomada das exportações de amônia através de um oleoduto que liga o país ao porto ucraniano de Odessa e a reconexão do banco agrícola estatal, Rosselkhozbank, ao sistema internacional de pagamentos Swift – a Rússia foi excluída do sistema global de pagamentos que movimenta dinheiro entre bancos de mais de 200 países depois de invadir o país vizinho.
O comunicado acrescentou que, devido a essa “total sabotagem na implementação dos acordos de Istambul, a continuidade da ‘Iniciativa do Mar Negro’, que não justificou seu propósito humanitário, tornou-se sem sentido”.
O acordo, que tinha sido prorrogado várias vezes, expiraria na segunda-feira. A Rússia vinha alegando há meses que as condições para estender o acordo não foram cumpridas, e o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, confirmou que não seria renovado.
Porém, Peskov indicou que a Rússia não está descartando permanentemente o acordo. “Assim que os compromissos russos forem cumpridos, a Rússia retomará imediatamente a implementação deste acordo”, afirmou.
O porta-voz esclareceu que a decisão de não renovar o acordo não está relacionada ao ataque noturno na ponte entre a Rússia e a Crimeia, no qual duas pessoas morreram.
A Rússia e a Ucrânia respondem por cerca de 30% de todas as exportações de trigo e cevada do mundo, um quinto do milho e mais da metade do óleo de girassol.
Quase metade das exportações embarcadas sob o acordo são milho e mais de um quarto é trigo, segundo dados da ONU divulgados em maio. Cerca de 45% das exportações foram para países desenvolvidos. O maior destinatário foi a China, seguida de Espanha, Turquia, Itália e Holanda.
ONU lamenta
Nesta segunda, o secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou profundo pesar pela decisão da Rússia de sair do acordo de grãos do Mar Negro. Guterres enfatizou que centenas de milhões de pessoas em todo o mundo, que já enfrentam a inflação dos alimentos, serão afetadas negativamente por essa decisão.
Em comunicado, o líder das Nações Unidas lamentou a interrupção da implementação do pacto, incluindo a retirada das garantias de segurança russas para a navegação na região noroeste do Mar Negro.
Ele destacou que, “diante da fome que afeta muitas pessoas e da crise global de custo de vida, os consumidores serão penalizados”. Guterres afirmou que essa decisão do governo russo terá “um impacto significativo nas comunidades carentes ao redor do mundo”.
Fonte: Site A Referência (www.areferencia.com)