Governando Alagoas há quase dez anos, MDB não construiu barragens nos Rios Paraíba e Mundaú para evitar enchentes

10 de julho de 2023 às 07:59
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Foto: Reprodução Internet

Por Berg Morais

 

A última semana foi marcada pelo grande volume de chuvas que provocaram enchentes em quase trinta municípios de Alagoas. Milhares de famílias perderam suas casas, móveis, a dignidade e até a esperança por conta dessa tragédia anunciada. A catástrofe e a dor dos desabrigados fez o Estado ganhar destaque na mídia nacional novamente. Mas o que poderia ter sido feito para evitar ou previnir esse tipo de tragédia?

Segundo especialistas no assunto, a construção de barragens de contenção seria suficiente para evitar ou minimizar esse tipo de tragédia, que não é inédita em Alagoas. O Estado é governado pelo MDB há quase dez anos, e o partido liderado pela família Calheiros nada fez para a construção desses equipamentos que poderiam ter ajudado a minimizar a dor de milhares de famílias que, agora, já não têm mais um lar.

Nove anos atrás, em 2014, o então candidato ao governo de Alagoas, Renan Filho (MDB), falava em seus discursos sobre a construção de represas nos Rios Paraíba e Mundaú. No entanto, dois mandatos se passaram e a execução não veio. Em

2017, o filho do senador Renan Calheiros (MDB) - já na condição de governador - chegou a solicitar à presidência da República aporte financeiro e a execução do Programa de Contenção de Enchentes do Vale do Mundaú e Paraíba para evitar desastres naturais e alagamentos. Os recursos da União seriam para o programa “Vida Nova nas Grotas”, que era chamado de “Pequenas Obras, Grandes Mudanças”.

"O povo alagoano quer prevenção porque essa tragédia que aconteceu nos últimos dias é uma tragédia anunciada, que acontece de tempos em tempos. Eu fiz um levantamento e encaminhei ao Ministério da Integração relacionando todas as enchentes a partir da grande enchente de 69, o que impõe necessidades de recursos para prevenção", disse Renan Filho, em 2017, ao justificar a solicitação de recursos ao ministro dos Transportes, o alagoano do MDB, Maurício Quintella Lessa.

Por sua vez, Quintella reconheceu a necessidade da construção de barragens nos municípios de Quebrangulo, União dos Palmares e Capela. Mas destacou que o governo estadual precisava “atualizar os projetos”. Eu conversei com o governador, que informou que os projetos já existem, precisam ser atualizados e que as barragens chegariam a um volume de R$ 1,3 bilhões. É um recurso muito volumoso.

O orçamento desse ano já está comprometido, mas temos que lutar para que essas barragens sejam construídas. Se não forem no orçamento de 2017, que se inicie em 2018 para que os municípios se protejam", destacou, à época, o ministro.

De lá para cá, o investimento nesse projeto do Governo estadual foi realizado em sua maioria na Capital, e as inundações pela falta de equipamentos públicos capazes de evitar tragédias, se transformaram numa constante que tirou vidas e acabou com a esperança de milhares de famílias que continuam sofrendo com tormento que vem junto com as chuvas.

Na última sexta-feira (07), o atual governador Paulo Dantas, também do MDB, decretou situação de emergência em 29 municípios alagoanos em decorrência das fortes chuvas. “Estou determinando que o Gabinete Civil e a Secretaria de Governo implantem um novo comitê permanente de prevenção às enchentes e trabalhe com os prefeitos diretrizes para minimizar efeitos de fortes chuvas”, informou.

BARRAGENS PODERIAM EVITAR TRAGÉDIAS

As barragens ou represas são estruturas artificiais construídas no leito de um rio ou canal com a função de acumular as águas para diversas funções, podendo abastecer uma região, produzir energia elétrica ou prevenir enchentes. Elas controlam o fluxo dos rios em caso de fortes chuvas que provoquem o alto nível de águas fluviais.

Quando ocorrem grandes volumes de chuva, as comportas das barragens são fechadas de maneira planejada durante um determinado período no reservatório. Quando acontecem enchentes nesses reservatórios, por exemplo, a maioria das comportas são abertas em razão da grande quantidade de chuva acumulada. Sem as estruturas, o alagamento fica bem maior.