Estudo realizado pela USP pode ser uma grande descoberta na luta para previnir Parkinson

27 de junho de 2023 às 08:24
Célula Imunológica

Foto: Reprodução Internet

Um mecanismo com potencial para proteger contra a doença de Parkinson está sendo estudado no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP). Os pesquisadores observaram que, em camundongos, a micróglia, um tipo de célula imunológica do sistema nervoso, é capaz de limitar a perda de capacidade motora e a morte neuronal, características da doença. A micróglia compõe a chamada glia, um conjunto diversificado de células que dá suporte ao funcionamento dos neurônios.

Entenda essa descoberta

  • A equipe conduziu testes em animais, que receberam 6-hidroxidopamina.
  • Essa substância, que foi aplicada diretamente no cérebro, é um tipo de toxina que induz sintomas semelhantes aos da doença de Parkinson.
  • Antes desses estudos, cerca de metade dos roedores teve as micróglias praticamente eliminadas por uma substância, a PLX5622.
  • Agora, os animais que mantiveram essas células registraram perdas menos significativas de neurônios e de movimento que os demais.

Carolina Parga, primeira autora de um artigo publicado no Journal of Neuroimmunology, destaca que “esses resultados sugerem um possível alvo para o tratamento da doença no futuro, quando descobrirmos mecanismos capazes de ativar a micróglia de maneira benéfica”. Parga foi responsável por realizar parte dessa investigação na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.

“A hipótese mais provável para explicar essa diferença nos resultados é a atuação dos dois fenótipos da micróglia, algo já identificado anteriormente na literatura científica. Uma característica, a positiva, que protege contra a perda neuronal, talvez se manifeste no início da doença, e a outra característica, a negativa, que impulsiona essa perda neuronal, vai predominando à medida que a doença vai evoluindo; o mesmo pode ocorrer em outras doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer e algumas formas de epilepsia”, disse Luiz Roberto Giorgetti de Britto, coordenador do estudo.

 “Isso reforça a importância de desenvolvermos formas de diagnósticos mais assertivas para as doenças neurodegenerativas, para assim chegarmos a soluções terapêuticas. Pois trata-se de doenças que podem estar ativas durante décadas antes do diagnóstico, que, em geral, se dá só após a manifestação de sintomas, mas sendo mitigadas pela micróglia e outros mecanismos”, complementa o coordenador.

 Parkinson: outras descobertas desse estudo

Além de analisar o funcionamento da micróglia na coordenação motora e neuronal, o estudo conduzido como parte do doutorado de Carolina Parga também identificou outros dois genes que podem estar associados ao Parkinson.

“São dois genes relacionados à transmissão por dopamina (substância que influencia nossas emoções, aprendizado e locomoção, além de outras funções) entre alguns grupos de neurônios do sistema nervoso, o que sugere que a micróglia pode ser responsável pela modulação da expressão de genes que atuam nesses processos. Isso ajuda a explicar como a sua ausência resulta na perda de neurônios, o que causa a diminuição de dopamina, o fator responsável pelas alterações motoras”, afirma Parga.

Fonte: Site Olhar Digital (www.olhardigital.com.br)