Desaceleração da inflação anima o mercado e leva otimismo na Bolsa de Valores

26 de maio de 2023 às 08:20
Economia

Foto: Reprodução internet

A prévia da inflação, o IPCA-15, recuou neste mês e veio abaixo do que analistas esperavam. Diante do indicador, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou ontem que a aprovação do arcabouço fiscal eliminou a expectativa de risco de descontrole da inflação. A combinação reforçou o otimismo no mercado financeiro, que já vem crescendo nos últimos dias.

O Ibovespa, índice de referência da Bolsa brasileira, a B3, fechou ontem em alta de 1,15%, aos 110.054 pontos. No mês de maio, o indicador acumula alta de 5,38%.

 — O arcabouço tem um grande poder de influenciar a expectativa de inflação futura, porque existia um medo de que a inflação pudesse, simplesmente, sair do controle. O arcabouço deixa muito claro que esse medo não existe mais. Você eliminou o que chamamos de risco de cauda — disse Campos Neto em entrevista à GloboNews.

Ele reforçou que não há relação direta entra a aprovação da regra fiscal e uma eventual redução de juros, ressaltando que o impacto se dá nas expectativas de agentes do mercado. E citou como exemplo o recuo das taxas de juros futuros. Ontem, a taxa DI com vencimento em janeiro de 2025 caiu de 11,63% para 11,47%, uma queda de 1,38%. Para Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, houve “impacto nítido” das declarações de Campos Neto.

O presidente do BC ainda elogiou a articulação do governo para aprovar o arcabouço:

— Muito impressionante esse processo. Eu reconheço o grande trabalho feito pelo governo, pelo ministro Fernando Haddad. E como o Congresso se mobilizou e fez uma votação rápida e expressiva. O arcabouço fiscal é um tema muito importante para a gente (BC) porque influencia nas expectativas.

Campos Neto se recusou a prever uma redução na taxa básica de juros (Selic), atualmente em 13,75% ao ano, no futuro próximo, argumentando que o seu é só um voto do total de nove no Comitê de Política Monetária (Copom). Mas reconheceu que o IPCA-15 de maio “veio melhor”.

Apesar disso, reafirmou que o processo de desinflação no Brasil está “em ritmo muito lento”, o que demanda uma política monetária restritiva.

— Achamos que o processo de desinflação ainda não acabou e precisamos ter certeza de que faremos a inflação convergir para o alvo — disse Campos Neto em vídeo gravado para um evento da agência de classificação de risco Moody’s.

O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, recém-nomeado para a Diretoria de Política Monetária do BC, afirmou ontem que o mercado já prevê um corte de pelo menos 3,5 pontos percentuais na Selic nos próximos 18 meses. Segundo Galípolo, o preço de ativos como câmbio e juros de longo prazo, por exemplo, sinalizam essa expectativa.

— Havia muito ceticismo em cada anúncio que era feito (pelo governo). Havia a reoneração dos combustíveis e sem arcabouço fiscal. Mas agora, olhando o preço dos ativos, vemos o real em um patamar mais valorizado (que o dólar) e os juros longos no segundo semestre chegando a 10%. Isso envolve um corte de 3,5 pontos percentuais da Selic nos próximos 18 meses — afirmou Galípolo, em evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Fonte: Portal O Globo (www.oglobo.globo.com)