Com investimento bilionário, China realiza a maior expansão de arsenal nuclear da história

27 de abril de 2023 às 06:50
Força Nuclear

Foto: Reprodução internet

Em meio a tensões crescentes com os Estados Unidos, a China vem promovendo a maior expansão de seu arsenal atômico da história, levando a nação asiática a reduzir a desvantagem em relação ao seu rival, disseram especialistas do think tank sueco Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri, da sigla em inglês). As informações são do portal The Defense Post.

O estoque de cerca de 350 ogivas nucleares de Beijing ainda é considerado pequeno se comparado a potências nucleares como Estados Unidos e Rússia, que segundo o Sipri têm 3.708 e 4.477 ogivas, respectivamente, o que corresponde a 90% desse tipo de armamento no mundo. Mas o arsenal chinês vem crescendo exponencialmente como o de nenhum outro país, podendo chegar a 1.500 até 2035, estima o Pentágono.

O investimento é astronômico: o país asiático gastou US$ 11,7 bilhões em seu programa nuclear em 2021, segundo a Campanha Internacional para Abolir as Armas Nucleares (Ican, da sigla em inglês) – menos de um terço do que se acredita que Washington tenha gastado.

“A China parece não estar mais satisfeita com apenas algumas centenas de armas nucleares para garantir sua segurança”, disse à agência AFP Matt Korda, da Federação de Cientistas Americanos (FAS, da sigla em inglês). Beijing, que fez seu primeiro teste nuclear no anos 1960, se contentou em ter um arsenal nuclear modesto nos últimos 60 anos. Também já afirmou que não seria a primeira a apertar o botão em caso de envolvimento em um conflito. No entanto, sob o governo do presidente Xi Jinping – no poder desde 2013 –, vem avançando na modernização militar e consequente atualização de armas de destruição em massa.

A doutrina nuclear chinesa prevê que o país só terá um estoque mínimo de bombas não apenas para dissuadir os inimigos, mas também para ter capacidade de contra-atacar caso a dissuasão falhe.

Além da produção de ogivas, o governo chinês tem aperfeiçoado a capacidade de lançá-las em terra, na água e no ar com mísseis, aeronaves e submarinos.

“As mudanças que estão ocorrendo ou em andamento são muito significativas” e “transformarão a China de um Estado que tem uma capacidade de retaliação nuclear para um que é a terceira maior potência nuclear do mundo”, disse à AFP Eric Heginbotham, cientista do Centro de Pesquisa de Estudos Internacionais do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts).

Heginbotham acrescentou que a evolução chinesa marcará a primeira vez na história que as grandes potências nucleares, que tanto levantaram temores no mundo durante a Guerra Fria, precisarão considerar não um concorrente nuclear em potencial, mas dois. “E isso terá implicações para o planejamento nuclear e a estabilidade em todos os lugares, diz ele”.

A China enfatizou que mantém “sua força nuclear no nível mais baixo necessário para a segurança nacional”. E o discurso de Xi em relação ao eventual uso do arsenal atômico, ao julgar por uma declaração conjunta feita com o chefe do Kremlin Vladimir Putin durante encontro entre os líderes no mês passado, é o de que uma guerra nuclear “nunca deve ser desencadeada”.

Fonte: Site A Referência (www.areferencia.com)