Crianças que têm pesadelos frequentes são mais propensas a desenvolver demência na velhice, diz estudo

27 de março de 2023 às 13:12
Saúde

Imagem Ilustrativa. Foto: Reprodução Getty Images

Crianças que têm pesadelos regulares estão mais propensas a desenvolver quadros de demência ao envelhecerem. A conclusão é de um estudo conduzido pelo pesquisador Abidemi Otaiku, da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, publicado recentemente na revista eClinicalMedicine, do The Lancet.

Segundo o artigo, ter pesadelos frequentes entre os 7 e os 11 anos de idade representou um risco quase duas vezes maior de desenvolver algum comprometimento cognitivo (a principal característica da demência) após os 50 anos. Além disso, o risco de ter doença de Parkinson foi sete vezes maior nesse grupo.

A pesquisa de Otaiku partiu de outro achado dele, o de que adultos de meia-idade e idosos que tinham pesadelos frequentes também apresentavam duas vezes maior risco de desenvolver demência ou Parkinson, em comparação com aqueles que não tinham sonhos ruins.

O pesquisador recorreu a um estudo britânico de coorte de nascimentos de 1958 que acompanha a vida de todas as crianças nascidas na semana de 3 a 9 de março daquele ano. "Agrupei as 6.991 crianças com base na regularidade com que tiveram pesadelos aos 7 e 11 anos: 'nunca', 'ocasional' ou 'persistente'. Em seguida, usei um software estatístico para determinar se as crianças com pesadelos mais regulares eram mais propensas a desenvolver comprometimento cognitivo ou ser diagnosticadas com Parkinson quando completassem 50 anos (2008)", explicou Abidemi Otaiku em um artigo que escreveu para o site The Conversation.

Os resultados mostraram que, em comparação com crianças que nunca tiveram pesadelo, as que tinham sonhos ruins persistentes apresentaram risco 76% maior de desenvolver algum comprometimento cognitivo após os 50 anos e 640% maior de ter Parkinson, padrão que foi semelhante para meninos e meninas.

De acordo com o pesquisador, mais estudos sobre essa relação devem ser feitos. Ele também diz que a descoberta não deve ser motivo de preocupação.

"Das cerca de 7.000 crianças incluídas em meu estudo, apenas 268 (4%) tiveram pesadelos persistentes de acordo com a mãe. Entre essas crianças, apenas 17 desenvolveram comprometimento cognitivo ou doença de Parkinson aos 50 anos (6%). Portanto, é provável que a grande maioria das pessoas que têm pesadelos persistentes na infância não desenvolva demência precoce ou Parkinson", escreveu.

Fonte: The Lancet/ R7