Aplausos a Lira ao lado de Lula irritam líderes e ampliam tensão na disputa pelo Senado em AL
Por Redação com agências
A presença destacada de Arthur Lira ao lado do presidente Lula, durante a cerimônia de sanção do projeto que zera o Imposto de Renda para quem recebe até cinco mil reais, provocou forte desconforto nos bastidores do Legislativo. O gesto foi interpretado como um aceno direto ao governo e como movimento estratégico na disputa pelo Senado em Alagoas.
O ex-presidente da Câmara recebeu aplausos, fala de destaque e espaço no evento, o que ampliou percepções de que Lira segue com influência significativa no Planalto. A ausência de Hugo Motta e Davi Alcolumbre reforçou a leitura de que o episódio fortaleceu o alagoano no diálogo com o Executivo.
Integrantes do governo consideraram que a participação de Lira expôs o distanciamento dos atuais comandantes das Casas em relação ao Planalto. O clima azedou especialmente entre líderes que viram na cena uma demonstração de força em momento político sensível.
Interlocutores de Alcolumbre expressaram preocupação com o protagonismo repentino de Lira. A possibilidade de o deputado, caso eleito senador, disputar o comando do Congresso acendeu alertas entre aliados do atual presidente do Senado.
O incômodo cresceu ainda mais diante da pressão pela pauta da anistia, que divide lideranças e alimenta apreensões sobre o avanço de Lira. A movimentação foi avaliada como uma tentativa de ampliar capital político antes da definição das chapas.
A escolha de Renan Calheiros para relatar o tema do Imposto de Renda no Senado, logo após a cena no Planalto, foi vista como reação ao fortalecimento de Lira. O gesto reforçou tensões entre o MDB e o grupo de Alcolumbre na disputa por influência.
Na Câmara, Lira voltou a ser acionado durante um impasse provocado pela oposição, o que foi interpretado como demonstração da fragilidade de Hugo Motta no comando da Casa. O episódio reacendeu especulações sobre eventuais planos de retorno.
Em resposta, Lira negou qualquer interesse em presidir novamente a Câmara e afirmou estar focado exclusivamente na corrida para o Senado. Ainda assim, o movimento no Planalto deixou claro que seu peso político segue sendo fator decisivo nas articulações nacionais.