A Linha Tênue do Marketing Médico: especialistas alertam como construir autoridade digital respeitando as normas do CFM
Por Assessoria
Na corrida pela digitalização, médicos e clínicas enfrentam o desafio de atrair pacientes sem infringir as regras éticas. A solução, segundo estrategistas, está no conteúdo educativo e não na publicidade tradicional.
Em um cenário onde 8 em cada 10 brasileiros buscam informações de saúde online antes mesmo de marcar uma consulta, a presença digital deixou de ser uma opção e tornou-se uma necessidade para médicos e clínicas. No entanto, para a classe médica, essa jornada é repleta de
armadilhas.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) impõe regras rígidas sobre a publicidade, proibindo expressamente o sensacionalismo, a garantia de resultados, o uso de fotos de "antes e depois" para promoção e a autopromoção que caracterize concorrência desleal. O resultado? Um mercado dividido entre profissionais com medo de comunicar e aqueles que, por desconhecimento, arriscam sanções éticas.
"O maior erro do profissional de saúde é confundir marketing digital com publicidade de varejo", alerta Jônatas Ismael, estrategista digital e sócio-fundador da DBE Digital, uma assessoria focada no ecossistema da saúde. "O médico não vende um produto; ele oferece confiança. O marketing, nesse caso, não serve para 'vender', mas para educar, informar e construir a autoridade do profissional."
Segundo Ismael, a estratégia eficiente é aquela que respeita a sobriedade da profissão e foca em transformar o médico em uma fonte confiável de informação. "O paciente não procura um 'desconto' no Instagram, ele procura segurança. O marketing ético entrega essa segurança antes mesmo da consulta."
O desafio, portanto, é encontrar o equilíbrio entre visibilidade e ética. É aqui que o conteúdo estratégico entra em jogo.
"A autoridade digital não se constrói com um post de 'agende sua consulta'", explica Thayane Araújo, especialista em criação de conteúdo e posicionamento digital, sócia da DBE Digital. "Ela é firmada quando o médico utiliza seu espaço para desmistificar procedimentos, falar sobre prevenção ou explicar novas tecnologias. O objetivo é que o paciente veja aquele profissional como uma referência no assunto."
Para Thayane, o respeito às normas do CFM, longe de ser um obstáculo, é na verdade um diferencial competitivo. "Quando o médico comunica com seriedade, ele automaticamente se diferencia daqueles que apelam para o sensacionalismo. O público percebe quem está ali para informar e quem está apenas tentando vender a qualquer custo."
A digitalização da saúde é um caminho sem volta. Para os especialistas, o sucesso nessa nova era não pertencerá aos que mais aparecem, mas aos que comunicam com mais responsabilidade, transformando o complexo "mediquês" em informação acessível e, acima de tudo, ética.